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Detenção de líder de milícias no Darfur é "aviso", garante ONU

A detenção do líder das milícias sudanesas Ali Kushayb, acusado de crimes de guerra e contra a humanidade no Darfur, é "um aviso a todos os responsáveis por atos horrendos de violência", disse hoje fonte da ONU.

Detenção de líder de milícias no Darfur é "aviso", garante ONU
Notícias ao Minuto

21:58 - 09/06/20 por Lusa

Mundo Darfur

Para a alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, a detenção de Ali Kushayb é um "desenvolvimento extremamente significativo" e "serve como um aviso a todos os responsáveis por atos horrendos de violência no Sudão e em muitas outras partes do mundo".

"Por muito tempo, os responsáveis pelos crimes internacionais em larga escala cometidos na região oeste do Sudão de Darfur escaparam da acusação. Ali Kushayb é a primeira e até agora única figura importante a ser presa e entregue ao Tribunal Penal Internacional (TPI), ligado a numerosos assassinatos, estupros, pilhagem e outros crimes que ocorreram quando era comandante das milícias Janjaweed pró-governo", destacou, através de um comunicado, a alta comissária da ONU.

O líder das milícias sudanesas Ali Kushayb, acusado de crimes de guerra e contra a humanidade no Darfur, foi detido na República Centro Africana, encontrando-se à guarda do Tribunal Penal Internacional, foi hoje anunciado.

De acordo com o presidente do Tribunal Penal Internacional (TPI), Fadi El Abdallah, Kushayb, que há mais de 13 anos era visado por um mandado de detenção internacional, entregou-se às autoridades numa zona remota do norte da República Centro-Africana, perto da fronteira com o Sudão.

Michelle Bachelet realçou ainda ter uma "profunda esperança" que "os outros quatro suspeitos" se juntem a Ali Kushayb e sejam levados perante o TPI num "futuro próximo".

"A sua prisão também deve servir como um impedimento para outros líderes militares e políticos que pensam que podem cometer tais crimes com impunidade", realçou.

Michelle Bachelet destacou ainda "o importante trabalho" realizado pela Comissão Internacional de Inquérito no Darfur, estabelecida pelo Conselho de Segurança em 2004 e a qual apoiou.

"A Comissão desempenhou um papel vital na descrição dos detalhes de acusações extremamente graves de crimes internacionais cometidos em Darfur. Isso ajudou o Conselho de Segurança a concordar posteriormente em encaminhar a situação ao TPI. Gostaria também de reconhecer o papel fundamental desempenhado pelas autoridades da República Centro-Africana na facilitação da entrega de Ali Kushayb ao TPI", concluiu.

Numa nota publicada no sítio oficial na Internet, o porta-voz do Serviço Europeu para a Ação Externa (EEAS, na sigla em inglês) destacou que a União Europeia está "empenhada" em prevenir "crimes contra a humanidade, crimes de guerra e genocídio e evitar a impunidade dos autores de tais crimes".

"Reafirmamos e continuaremos com nosso forte apoio ao TPI e seu trabalho", destaca a nota.

Os rebeldes do Darfur lançaram, em 2003, um movimento de insurreição contra o governo de Cartum, que respondeu com uma política de terra queimada com recurso a bombardeamentos aéreos e a milícias conhecidas como Janjaweed, acusadas de assassínios e violações em massa.

Estima-se que 300 mil pessoas foram mortas e 2,7 milhões foram expulsas das suas casas.

Kushayb é acusado de comandar milhares de elementos das milícias Janjaweed em 2003-2004 e o TPI diz que participou "pessoalmente em alguns dos ataques contra civis".

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