As detenções ocorreram no início de uma marcha organizada pelo HDP (oposição e terceira força no parlamento nacional) desde o extremo oeste e leste da Turquia até à capital Ancara, em protesto contra a detenção de vários deputados e a intervenção do Governo em 50 dos 60 municípios que o partido ganhou nas eleições locais de 2019.
O incidente ocorreu em Silivri, arredores de Istambul, onde o partido reuniu uma centena de membros que pretendiam dirigir-se para a província de Edirne, junto à fronteira com a Bulgária e Grécia, para iniciar a marcha de protesto, informou o diário Cumhuriyet.
O HDP anunciou a "Marcha pela Democracia" após o Governo do islamita Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, no poder desde 2002) ter afastado do parlamento e detido dois dos seus deputados que foram acusados de vínculos ao proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que Ancara, União Europeia e Estados Unidos consideram uma organização terrorista.
"Vamos marchar até que a paz, as liberdades e a democracia sejam restabelecidas", anunciou Pervin Buldan, copresidente do HDP, citado pela agência noticiosa EFE.
No domingo, os responsáveis de província de Tekirdag, perto de Istambul, proibiram o acesso ao território durante três dias para evitar a marcha.
"Se estes protestos forem concretizados poderão surgir conflitos entre grupos com pontos de vista opostos. Podem surgir incidentes físicos entre os participantes da marcha e outros cidadãos", assinalou em comunicado o município de Tekirdag.
"O contacto físico entre as pessoas pode dificultar a luta contra o coronavírus", acrescentou a nota.
Em Kakkari, província fronteiriça com o Iraque, outra delegação do partido iniciou a marcha rodeada de forte cordão policial, mas sem incidentes, referiu a agência noticiosa Efe.
Doze deputados do partido e dezenas de responsáveis municipais permanecem na prisão sob a acusação de ligações ao PKK, que em 1984 desencadeou uma rebelião armada no sudeste do país, e onde se concentra a maioria da população curda da Turquia.
O HDP tem sido dizimado na sequência da prisão de diversos dirigentes e militantes desde 2016, incluindo o carismático Selahattin Demirtas, antigo rival de Recep Tayyip Erdogan na eleição presidencial de 2014.