Confinamento parcial e localizado assegura normalidade em Pequim

As autoridades de Pequim continuaram hoje a testar milhares de pessoas e garantiram ter a situação sob controlo, após medidas de confinamento localizado e parcial terem assegurado a normalidade em grande parte da capital chinesa.

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Lusa
20/06/2020 08:24 ‧ 20/06/2020 por Lusa

Mundo

China

 

A capital chinesa somou 205 casos, nos últimos oito dias, e optou por adotar medidas de confinamento parcial, que incluem a suspensão de todas as aulas presenciais no ensino básico, médio e superior, e a recomendação aos residentes para que trabalhem a partir de casa.

Comunidades em áreas de "alto risco", com casos confirmados, sobretudo no distrito de Fengtai, no sul da cidade, foram seladas e os moradores proibidos de se deslocarem.

Bibliotecas, museus e parques permanecem abertos, mas por tempo limitado e com capacidade não superior a 30% do limite.

Quem quiser sair de Pequim deve primeiro apresentar um teste negativo para o novo coronavírus, realizado nos sete dias anteriores à partida.

Trata-se de "bloquear resolutamente os canais de transmissão da epidemia e não de um bloqueio" da capital, defendeu um funcionário municipal Pan Xuhong, em conferência de imprensa.

A vida já tinha retornado ao normal em Pequim depois de dois meses sem qualquer caso, mas o surgimento, na semana passada, de um novo foco de infeção, aumentou o estado de alerta.

A epidemia na capital, no entanto, está "sob controlo", garantiu o epidemiologista chefe do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) da China, Wu Zunyou.

"Isto não significa que não haverá novos casos amanhã. Mas [...] serão cada vez menos", assegurou.

Em grande parte da capital chinesa, os espaços comerciais e restaurantes permanecem abertos e as ruas estão movimentadas.

Funcionários de restaurantes, universidades ou mercados foram sujeitos a testes de ácido nucleico, como condição para manter os negócios abertos.

As autoridades testaram centenas de milhares de pessoas, desde que o surto foi detetado. Imagens difundidas nas redes sociais mostram filas ao longo de avenidas inteiras, com milhares de pessoas a aguardarem para realizar o teste em diferentes partes da capital chinesa.

Ao decretar o segundo nível de emergência, os comités de bairro voltaram a verificar a identidade e o estado de saúde dos residentes e a medir a temperatura à entrada em algumas zonas da cidade.

O Conselho de Estado chinês divulgou também hoje um conjunto de diretrizes para impedir a propagação do vírus durante o verão e aconselhou os residentes a limparem regularmente os aparelhos de ar condicionado.

"Se o coronavírus circula pelo ar, há risco de contágio, mesmo que seja baixo. Por isso, aconselhamos que os aparelhos de ar condicionado sejam verificados e desinfetados", disse um funcionário, em conferência de imprensa.

O executivo enfatizou que a população deve acostumar-se a ser "flexível" e a respeitar as medidas adotadas, dependendo do nível de emergência.

O mesmo funcionário rejeitou a possibilidade de o surto ter tido origem em salmão importado, contrariando a tese avançada pela imprensa estatal e responsáveis do município de Pequim.

"Temos que manter uma atitude científica", disse.

Nos supermercados da capital chinesa, o salmão desapareceu esta semana das prateleiras, enquanto nas aplicações de entregas ao domicílio, como o Eleme ou o Meituan, pratos com aquele peixe passaram a estar indisponíveis.

"Tivemos que tirar o salmão do menu", explicou a funcionária de um restaurante à agência Lusa. "Muitos clientes ficaram preocupados", disse.

Numa altura em que vários espaços comerciais, outrora com restaurantes sempre cheios e com fila à porta, surgem abandonados em Pequim, ilustrando a vaga de falências no setor, a hipótese de que a cadeia alimentar possa ter contribuído para o novo surto ameaça os que sobreviveram.

"Houve muitos restaurantes que encerraram na primeira vaga", contou um 'chef' estrangeiro radicado na capital chinesa. "Agora, vamos levar a machadada final", previu.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 456 mil mortos e infetou mais de 8,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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