Um casal norte-americano chamou a polícia quando viu um negro, no passeio, a pintar o muro em frente a uma casa. Dias depois, ambos pediram desculpa e um deles foi despedido do emprego. O negro era vizinho e dono da casa.
James Juanillo, um americano negro, estava a pintar na parede em frente a sua casa, em São Francisco, na Califórnia, a frase 'Black Lives Matter' (vidas negras importam), quando foi interrompido e confrontado por Robert Larkin e Lisa Alexander, um casal que vive na mesma rua.
"Está a vandalizar propriedade privada ou isto é a sua casa?", perguntou Larkin. "Você é livre de expressar as suas opiniões mas não na propriedade dos outros", acrescentou.
Juanillo pergunta, a dada altura, se haveria problema se aquela fosse a casa dele, tentando fazer uma observação sobre a intervenção do casal. "É que vocês nem sabem se eu moro aqui", disse. Lisa responde, prontamente: "Mas sabemos. Sabemos, por isso é que estamos a perguntar. Conhecemos a pessoa que verdadeiramente mora aqui".
Juanillo responde, então, que chamem a polícia. O casal afasta-se. Quando a polícia chegou, reconheceu o homem imediatamente e nem saíram do carro.
Os intervenientes filmaram o encontro, que entretanto se tornou viral nas redes sociais. O incidente aconteceu no dia 12 de julho e no dia 15, a empresa de contabilidade Raymond James, onde trabalhava Robert Larkin, emite um comunicado a anunciar o despedimento do funcionário, que não nomeiam, justificando que a atitude do casal "é inconsistente com os valores" da empresa.
— Raymond James (@RaymondJames) June 15, 2020
Lisa Alexander, que é CEO da empresa de produtos de beleza, LaFace, também sofreu a nível profissional, com algumas marcas a anunciar distanciamento da sua marca.
O casal acabou por pedir desculpa, através de comunicado enviado à imprensa, admitindo que estavam errados e que têm muito a aprender sobre racismo: "Não me apercebi, na altura, de que as minhas ações estavam a ser racistas e aprendi uma dolorosa lição".
"O que eles fizeram foi racismo educado. É racismo respeitável. 'Com todo o respeito, senhor, você não pertence aqui'", disse Juanillo numa entrevista, mais tarde.