Segundo o diretor do Inare, Castro Maria, o princípio da década de 1990 caracterizou-se por um crescimento geográfico e exponencial de confissões religiosas, que "todos os dias" nasciam "em todas as esquinas" do país.
O responsável, que falava hoje num seminário sobre Direitos Humanos e Liberdade de Religião, referiu que estudos da época indicam que a população angolana "ficou grandemente marcada pelo desencantamento das condições sociais", situação que concorreu para o surgimento de igrejas.
"Aumento da pobreza, precariedade da saúde, educação, habitação e a perda da autoestima e da autoconfiança. A realidade socioeconómica das populações foi-se degradando cada vez mais e com ela verificou-se a expansão a nível do território nacional de confissões religiosas", disse.
Castro Maria adiantou que foi no decurso deste período que surgiu igualmente de forma exponencial um "grande número daqueles que se autoproclamaram de profetas, apóstolos, bispos, doutores e pastores sem formação teológica ou religiosa mínima".
Os autoproclamados profetas, explicou, praticavam o "ocultismo, usando rituais satânicos rejeitáveis e indignos para supostamente realizar milagres de cura de doenças incuráveis ou exorcizar para expulsar demónios do corpo".
"E o alcance pela fé da autorrealização pessoal, material, financeira e material", acrescentou.
Falando para uma audiência composta por membros de minorias religiosas em Angola, sobretudo muçulmanos, o diretor do Inare fez saber também que a "construção anárquica e sem autorização" de lugares de culto emanam igualmente da década de 1990.
Angola conta atualmente com 84 igrejas registadas reconhecidas pelas autoridades e mais de mil não reconhecidas. O islamismo ainda não é reconhecido pelas autoridades angolanas.
O encontro que juntou minorias religiosas, sobretudo muçulmanos, foi promovido pelo Ministério da Justiça e Direitos Humanos de Angola com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).