"Isto é, infelizmente, uma interpretação completamente errada dos dados da Suécia", disse Anders Tegnell à televisão pública sueca SVT, considerando o erro "muito grave".
A direção regional para a Europa da OMS apontou na quinta-feira 11 países onde uma "transmissão acelerada" do novo coronavírus levou a "um forte ressurgimento" da covid-19, entre os quais a Suécia.
O país tem registado um forte aumento dos casos de infeção, mas as autoridades atribuem os números ao aumento significativo dos testes realizados.
"Podemos apontar para todos os outros parâmetros que medimos, ou seja, quantos casos graves temos, que estão a diminuir, o número de internamentos em cuidados intensivos, que estão num nível muito baixo, ou mesmo as mortes, que estão a reduzir-se", disse o epidemiologista.
"É muito grave [apontar a Suécia como país de risco], sobretudo numa situação em que há muita discussão sobre para que países se pode viajar. Este tipo de afirmações é muito infeliz", insistiu.
Segundo números oficiais, cerca de 10 pessoas são admitidas diariamente nos cuidados intensivos nesta altura, contra cerca de 40 no pico da pandemia no país, em abril.
Em termos de testes, as autoridades anunciaram a duplicação do número de testes realizados, atingindo mais de 61.000 testes semanais em meados de junho.
Números oficiais de quinta-feira indicavam que a Suécia regista um total de 5.230 mortos, 21 das quais entre quarta e quinta-feira, num total de 63.890 casos.
A Suécia é o quinto país do mundo com uma mortalidade por covid-19 mais elevada, cinco a dez vezes superior à dos países vizinhos (Noruega, Finlândia e Dinamarca), mas muito abaixo dos países europeus mais atingidos, como Espanha, Itália ou Reino Unido.
Anders Tegnell é o responsável pela estratégia sueca de combate ao vírus, focada no isolamento de grupos de risco e no apelo à responsabilidade individual dos cidadãos, e que não passou pela imposição de um confinamento da população nem do encerramento de escolas, ginásios, restaurantes, cafés ou bares.
Na lista divulgada na quinta-feira pela OMS figuram, além da Suécia, a Arménia, a Moldávia, a Macedónia do Norte, o Azerbaijão, o Cazaquistão, a Albânia, a Bósnia-Herzegovina, o Quirguistão, a Ucrânia e o Kosovo.
Nestes países, segundo o diretor para a Europa da OMS, Hans Kluge, "a aceleração da transmissão provocou um forte ressurgimento" o qual, "se não for controlado, levará os sistemas de saúde podem atingir o limite".
A pandemia de covid-19 já provocou quase 487 mil mortos e infetou mais de 9,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.