"Eu não vejo nenhuma incógnita face à pandemia. Estamos a enfrentar a pandemia da maneira que as condições sociais no Brasil o permitem", disse Carlos Alberto Simas em entrevista à Agência Lusa, numa referência à "extrema pobreza" de parte da população, que necessita de manter atividades para assegurar rendimento para as famílias.
Para o diplomata, este foi "o grande dilema moral" que a pandemia de covid-19 colocou aos governos, mas no Brasil procurou-se uma solução "um pouco diferente" devido aos problemas sociais.
Perante a pandemia, "o que fazemos? Fechamos tudo? E depois veremos quem morreu tanto por causa da pandemia, como por causa do confinamento. Ou tentamos fazer algo que seja um pouco diferente?", justificou o diplomata.
A resposta encontrada foi: "protejamos os mais idosos, aparelhemos os nossos hospitais, na medida do possível, cumprimos as medias de distanciamento social, utilizamos as máscaras que hoje caracterizam o mundo. Mas, ao mesmo tempo, permitimos que certo tipo de atividade económica continue a existir" na sociedade brasileira.
Estou falando do vendedor da esquina, (...) do vendedor de banquinha de frutas ", sublinhou o embaixador para quem "há um certo exagero de manipulação política (...)", sobre a pandemia no Brasil.
Na opinião do embaixador, o passado do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, também terá pesado na opção tomada para o combate à doença.
"Nós não podemos esquecer as origens do Presidente, que chegou a ser vendedor ambulante. Em algum momento da sua vida, ele foi isso e tem plena consciência do que isso significa para efeitos da harmonia social", porque "conhece essa necessidade", considerou.
Quanto aos números de infetados no Brasil (mais de 1,3 milhões) e vítimas mortais (quase 60 mil) , o diplomata reconheceu que "não são bons", mas salientou que "também não são catastróficos".
A pandemia de covid-19 já provocou quase meio milhão de mortos mil mortos e infetou 10 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.