Única morgue do hospital Simão Mendes superlotada com 32 defuntos
A única morgue do hospital Simão Mendes, principal unidade da Guiné-Bissau, encontra-se superlotada com 32 corpos quando apenas tem capacidade para albergar nove, denunciou hoje o médico legista, Abubacar Camará.
© Lusa
Mundo Covid-19
O médico, que dirige a morgue, chamou os jornalistas para assistir a uma operação coordenada com um delegado do Ministério Público no sentido de alertar os familiares de 11 cadáveres que se encontram no local, mas que precisam ser enterrados rapidamente.
Aqueles corpos estão em avançado estado de decomposição por não terem sido reclamados, há mais de dois anos, pelos familiares, assinalou Abubacar Camará.
Assim que houver uma ordem do Ministério Público, os 11 corpos serão sepultados, com ou sem a presença dos familiares, precisou o médico.
Em condições normais, a morgue do hospital Simão Mendes apenas autoriza que o defunto permaneça no local o máximo de sete dias, mas Abubacar Camará afirmou que há corpos que ficam por "muito mais tempo", originando, neste momento, uma superlotação das instalações.
"Temos atualmente 32 corpos, quando a morgue tem capacidade para nove corpos", observou Camará, salientando que são quase todos cidadãos da Guiné-Bissau.
O médico relatou o caso de uns familiares que tentaram retirar o corpo de um ente falecido no hospital Simão Mendes, mas que não o podiam transportar para casa.
"Deram banho ao defunto, meteram-lhe uns óculos, sentaram-no no carro, mas ao chegarem ao posto de controlo de Safim e ao perceberem que tinham sido descobertos com a farsa, fugiram e deixaram aí o defunto no carro", contou Abubacar Camará.
A polícia, simplesmente, devolveu o cadáver à morgue do Simão Mendes onde se encontra até hoje, frisou o médico legista.
Abubacar Camará apontou situações do género como uma das razões para o aumento de casos de infeção pelo novo coronavírus na Guiné-Bissau, que já atingiu mais de 1.600 pessoas e causou a morte de 24.
O chefe da vara-crime do Ministério Público, Herculano Sá, disse que brevemente a sua instituição vai dar ordens ao hospital para proceder ao enterro dos 11 cadáveres.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 511 mil mortos e infetou mais de 10,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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