Entre as 20 pessoas acusadas de "homicídio voluntário premeditado e com intenção de provocar sofrimento", duas foram identificadas pelos investigadores turcos como "mandantes" do crime: Saoud al-Qahtano, um ex-conselheiro do príncipe herdeiro saudita, e o antigo número dois dos serviços secretos de Riade, o general Ahmed al-Assiri.
Nenhum dos acusados se encontra na Turquia.
Khashoggi, antigo colunista do jornal Washington Post era crítico do regime saudita - apesar de no passado ter sido próximo do poder de Riade - foi assassinado e o corpo esquartejado em outubro de 2018 no consulado da Arábia Saudita em Istambul onde se encontrava para obter um documento para poder casar com uma cidadã turca.
O crime atingiu Riade e em particular a imagem do príncipe herdeiro Mohammed ben Salmane (conhecido como "MBS") apontado pela Turquia e pelos Estados Unidos como responsável pelo assassinato tendo os acontecimentos provocado uma grave crise diplomática.
Logo após o crime ter sido denunciado surgiram versões contraditórias com Riade a afirmar que agentes sauditas atuaram de moto próprio sem terem sido ordenados pelos altos dirigentes sauditas.
Hatice Cengiz, a noiva de Khashoggi, de origem turca, assim como a relatora especial das Nações Unidas para as execuções extrajudiciárias, Agnès Callamard, estiveram presentes na audição de hoje em Istambul, de acordo com um repórter da France Presse que acompanhou o início do julgamento.
Khashoggi tinha 59 anos quando foi assassinado e o corpo do jornalista saudita nunca foi encontrado.
No ano passado, um julgamento na Arábia Saudita condenou à morte cinco soldados num julgamento considerado "opaco" pelos observadores, sobretudo turcos.
Qahtani e Assiri não foram acusados pelo processo saudita, o que provocou o protesto de Ancara que considerou o julgamento da Arábia Saudita "escandaloso" porque não envolveu os alegados "mandantes" do crime.