Alemanha critica EUA por interferência na soberania energética europeia
A Alemanha considerou hoje que os Estados Unidos, ao pretenderem impor sanções que podem afetar empresas europeias, "menospreza o direito e a soberania" da Europa para "decidir de onde e de quem obtém energia".
© Reuters
Mundo Heiko Maas
A acusação foi feita pelo ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, depois de, quarta-feira, os Estados Unidos terem anunciado a eliminação de uma norma que evita a imposição de sanções a empresas ligadas à construção do gasoduto Nord Stream 2, que permitirá fornecer gás russo à Alemanha sob o mar Báltico.
"A política energética europeia faz-se na Europa e não em Washington. Recusamos, com firmeza, as sanções extraterritoriais", acrescentou Maas, numa postura que, segundo o ministro, o Governo alemão já comunicou aos Estados Unidos nas "numerosas conversações" sobre o assunto nas últimas semanas.
"Consideramos um erro impor sanções entre sócios. O que precisamos é de uma postura transatlântica comum sobre as sanções contra a Rússia. Este propósito torna-se mais complicado devido à decisão dos Estados Unidos, lamentou o ministro alemão.
Quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, garantiu que os Estados Unidos vão impor novas sanções aos parceiros do projeto do gasoduto Nord Stream 2, desenvolvido entre a Rússia e a Alemanha e que conta com o apoio da União Europeia (UE).
"O que esperamos é que aqueles que participam neste projeto estejam sujeitos a uma revisão para possíveis sanções", afirmou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, numa conferência de imprensa, em Washington.
Em fins de dezembro de 2019, o Presidente norte-americano, Donald Trump, promulgou uma lei que impõe sanções às empresas associadas à construção do Nord Stream 2, considerando que a obra vai aumentar a dependência dos europeus ao gás russo e, assim, fortaleceria a influência de Moscovo.
As sanções foram então fortemente criticadas pela Alemanha, a principal beneficiária do Nord Stream 2, e pela UE, que denunciou o que considerou ser uma "ingerência" norte-americana nos assuntos europeus.
Pompeo argumentou que o projeto do gasoduto se enquadra numa lei aprovada em 2017 pelo Congresso norte-americano, quase por unanimidade, destinada a "combater os adversários da América por meio de sanções".
A construção do gasoduto Nord Stream 2, que custou até agora cerca de 9.500 milhões de euros, é financiado metade pelo gigante petrolífero russo Gazprom e metade por empresas europeias: as alemãs Wintershall e Uniper e a anglo-holandesa Shell, a francesa Engie e a austríaca OMV.
Quase terminado, o novo gasoduto, de cerca de 1.200 quilómetros, deverá permitir aumentar para o dobro as entregas diretas de gás natural russo à Europa Ocidental, passando sob o Mar Báltico antes de chegar à Alemanha.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse esperar que o gasoduto esteja concluído o mais tardar até ao início de 2021, o que representa um atraso de cerca de um ano.
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