Movimento no Mali apela a tributo às vítimas dos recentes confrontos

O movimento de protesto que apela à saída do poder no Mali pediu um tributo às vítimas dos recentes confrontos, enquanto uma missão da África Ocidental está a trabalhar para desanuviar a crise e evitar mais derramamento de sangue.

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Lusa
17/07/2020 15:29 ‧ 17/07/2020 por Lusa

Mundo

Mali

Hoje deveria registar-se uma nova iniciativa de risco, promovida pelo chamado Movimento 05-Junho (M5), mas esta aliança heterogénea de líderes religiosos e personalidades do mundo político e da sociedade civil mudou de rumo na quarta-feira, dia em que chegou uma delegação da Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) liderada pelo ex-Presidente nigeriano Goodluck Jonathan.

Com a aparente intenção de dar uma oportunidade à missão, o M5 decidiu um apelo menos ameaçador, optando para que em todas as mesquitas do país se reze hoje em memória dos homens mortos uma semana antes.

Num clima de exasperação alimentado durante anos pela instabilidade da segurança e pelas dificuldades diárias, a terceira grande manifestação antigovernamental desde junho degenerou na semana passada em três dias de agitação civil, a pior na capital desde 2012.

Bamako é normalmente poupado à violência jihadista e intercomunitária que assola o norte e o centro do país. Contudo, tem assistido a um aumento da agressividade desde as disputadas eleições legislativas de março-abril.

Multidões atacaram o Parlamento e a televisão nacional, as ruas foram barricadas e vários bairros foram palco de saques e confrontos entre atiradores de pedras e forças de segurança, que dispararam munições.

O confronto causou 11 mortos e deixou feridas 158 pessoas, segundo o primeiro-ministro, Boubou Cissé.

Uma divisão da missão da ONU no país (Minusma) relata que 14 manifestantes foram mortos, incluindo uma mulher e dois jovens. Já o M5 aponta 23 mortos.

As autoridades mandaram prender vários líderes do M5, que foram depois libertadas. As forças foram criticadas por todos os setores por uso excessivo da força e acusadas de utilizar uma unidade antiterrorista de elite para manter a lei e a ordem.

"Infelizmente, tem havido alguns deslizes, é muito lamentável o que aconteceu, e pedimos desculpa por isso. Obviamente será aberto um inquérito judicial", disse o primeiro-ministro à França 24.

O chefe do Governo maliano prometeu que tudo será esclarecido e serão tomadas as "sanções necessárias".

O Movimento 5-Junho canaliza múltiplos e profundos descontentamentos contra a deterioração da segurança e a incapacidade de lidar com esta, a estagnação económica e social, o fracasso do Estado, ou o descrédito generalizado das instituições suspeitas de corrupção.

A comunidade internacional está preocupada com esta escalada de agitação, com resultados imprevisíveis numa região que se encontra, ela própria, em tumulto.

Portugal tem desde 01 de julho uma Força Nacional Destacada no Mali, no âmbito da Missão Multidimensional Integrada para a Estabilização do Mali (Minusma), das Nações Unidas, que inclui 63 militares da Força Aérea Portuguesa e um avião de transporte C-295.

O objetivo da missão portuguesa é assegurar missões de transporte de passageiros e carga, transporte tático em pistas não preparadas, evacuações médicas, largada de paraquedistas e vigilância aérea e garantir a segurança do campo norueguês de Bifrost, em Bamako, capital do Mali, onde estão alojados os militares portugueses.

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