Covid-19: Bolsonaro alvo de queixa por crimes contra a humanidade
Sindicatos dos profissionais de saúde consideram o comportamento de Jair Bolsonaro "irresponsável" e uma afronta "às orientações internacionais", colocando milhões de pessoas expostas a um vírus de alta letalidade.
© Reuters
Mundo Pandemia
Profissionais da saúde do Brasil apresentaram este domingo, dia 26, uma queixa contra o presidente Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia (Países Baixos), denunciando a atuação do presidente na pandemia do novo coronavírus.
Na queixa, apresentada por um conjunto de 60 sindicatos e movimentos sociais - a maioria deles de profissionais de saúde, sob a liderança da Rede Sindical UniSaúde - é referido que o presidente brasileiro cometeu crimes contra a humanidade através de "falhas graves e mortais na condução da pandemia de Covid-19", noticia a imprensa.
De lembrar que Jair Bolsonaro provocou aglomerações, apareceu em público sem máscara, defendeu o uso da cloroquina no tratamento da doença e, recentemente e estando infetado, foi fotografado a andar de mota e a conversar com funcionários de limpeza... sem máscara.
"A materialidade dos crimes cometidos", pode ler-se, "está devidamente confirmada", considerando que "as ações e omissões do senhor Presidente da República afetam de forma grave a saúde física e mental da população, colocando-a a situação de risco a um vírus de alta letalidade e, com capacidade de disseminação incontrolada com risco de morte ou sequelas irreversíveis".
Os profissionais consideram o comportamento de Bolsonaro "irresponsável" e uma "afronta às orientações das autoridades internacionais de saúde", colocando milhões expostos ao vírus.
De sublinhar que o TPI julga violações de direitos humanos graves como o genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
Bolsonaro, que no início desvalorizou o vírus - afirmando que a infeção não seria mais do que uma "gripezinha" -, anunciou este sábado ter testado negativo para a Covid-19, depois de ter sido diagnosticado com a doença a 7 de julho. Apesar de infetado, o presidente brasileiro fez questão de demonstrar que se sentia bem.
O Brasil registou, nas últimas 24 horas, mais 555 mortes e 24.578 novos casos de infeção, fixando o total de óbitos em 87.004 e de casos da doença em 2.419.091. É o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos, depois dos Estados Unidos.
Segundo escreve a BBC, Bolsonaro já foi alvo de outras quatro queixas no tribunal. Três das quais acusam o presidente brasileiro de crime contra a humanidade devido a atuação durante a crise sanitária. A quarta o denuncia "crimes contra a humanidade e atos que levam ao genocídio de comunidades indígenas e tradicionais" do país.
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