"Não podemos ficar impassíveis perante decisões unilaterais", disse o secretário de Estado francês para os Assuntos Europeus, Jean-Baptiste Lemoyne, também responsável pelo turismo, em entrevista ao canal BFMTV, hoje divulgada.
Além do argumento de "coerência", já que "uma fronteira tem de ser administrada da mesma forma dos dois lados", Lemoyne justificou a adoção de medidas recíprocas com a necessidade de ter peso nas negociações com o Governo britânico.
"Queremos pôr fim a esses obstáculos à liberdade de movimento o mais rápido possível", mas, para isso, "as autoridades britânicas têm de ter interesse em tomar essa medida", disse.
O governante francês lembrou que, por norma, 10 milhões de britânicos viajam anualmente para França apenas por motivos turísticos, pelo que a quarentena de 14 dias que Londres impõe a todos os que chegam de França (como de outros países europeus, como Portugal, Espanha, Bélgica ou Países Baixos) -- para combater o aumento de infeções da covid-19 - está a causar prejuízos significativos ao setor do turismo francês.
Para compensar, o Governo vai tentar prolongar a temporada turística, quer para os franceses quer para estrangeiros.
Lemoyne reconheceu que a capital francesa e a sua região sofrem uma "situação particularmente preocupante" pelo facto de este ano não haver turistas de outros continentes e, em geral, poucos visitantes estrangeiros.
Por isso, as esperanças de recuperação nos próximos meses estão apontadas a eventos como feiras e congressos.
No resto do país, a situação é desigual, mas, de acordo com o secretário de Estado, "o mês de julho foi bom" e o agosto também deverá ser, já que houve um elevado nível de ocupação dos alojamentos rurais e parques de campismo, embora, ainda assim, se estime uma queda de cerca de 20% na ocupação destes locais em relação a 2019.
O secretário de Estado também se referiu ao dispositivo especial que França criou para juntar, no seu território, os casais que ficaram separados durante semanas ou meses devido ao encerramento de fronteiras, tendo assegurado que os primeiros encontros deverão acontecer nos próximos dias.
Jean-Baptiste Lemoyne salientou que o procedimento foi "simplificado ao máximo" para que os pedidos e a apresentação de documentos possam ser feitos online e a avaliação não demore mais de oito a 10 dias.
A covid-19 já provocou pelo menos 770.429 mortos e infetou mais de 21,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios desde que foi detetado o primeiro caso em dezembro, na China, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A pandemia foi combatida em muitos países com um confinamento que durou vários meses e obrigou a maior parte dos países a fechar as fronteiras e suspender as viagens.