"O vírus continua a circular e há focos de contaminação nos nossos lares, mas também não se pode dizer que haja uma segunda vaga. Caso exista, não será tão forte como a primeira porque estamos mais bem preparados. No entanto, apesar de termos todas as condições, temos uma grande falta de pessoal", indicou à agência Lusa Malika Belarbi, membro da direção da Federação da Saúde e Ação Social da CGT.
Esta federação integra a segunda maior central sindical francesa (CGT) e agrupa os trabalhadores de lares de todo o país. Berlarbi integrou o grupo de trabalho que preparou o relatório desta organização para uma audição perante a Assembleia Nacional no final de abril sobre o impacto da covid-19 nos lares.
"Não nos podemos esquecer que no início da crise sanitária, os trabalhadores não tinham qualquer proteção, nem máscaras, nem luvas, nem gel. Portanto, o vírus circulou muito nos lares. Hoje, caso haja um único caso de covid-19, temos medidas drásticas para evitar a sua propagação", disse a sindicalista.
Os lares de idosos e os estabelecimentos para pessoas vulneráveis foram as estruturas mais visadas pela crise da covid-19, havendo registo de pelo menos 10.511 mortos nestas estruturas desde o início da pandemia (em França o vírus já fez, no total, mais de 30 mil mortos).
Após um período de acalmia no fim do confinamento, no mês de agosto vários casos isolados voltaram a aparecer em lares em Annecy ou Nancy, levando a um questionamento nacional sobre o reforço das medidas nestes estabelecimentos.
No entanto, hoje o ministro da Saúde, Olivier Véran, afirmou que não haverá confinamento generalizado para estas estruturas.
"Hoje não estamos numa perspetiva de confinamento generalizado no país, quer seja lares ou noutras situações", indicou.
Em vez disso, e preparando a 'rentrée', os lares aplicam medidas extraordinárias para garantir a segurança sanitárias dos seus residentes e trabalhadores.
"Nas recomendações está indicado que todos os trabalhadores têm de fazer um teste 48 horas antes de voltar das férias. Para os visitantes é a mesma coisa e pedimos ainda às famílias que tragam máscaras e mantenham a distância social. A cada passagem de uma família, o espaço é também desinfetado", descreveu Malika Belarbi.
A 11 de agosto, o Ministério da Saúde francês apresentou um protocolo de reforço às medidas de prevenção e proteção dos lares em caso de "degradação da situação epidémica", em que constam as principais medidas a aplicar caso o número de casos volte a aumentar.
França tem cerca de 700.000 pessoas que residem em lares e cerca de 300 mil trabalham neste tipo de infraestruturas.