Covid: Mortes na Venezuela são o dobro das apresentadas pelas autoridades

A oposição venezuelana disse hoje que o número de mortes associadas ao novo coronavírus é de 675, mais do dobro do que as 329 mortes confirmadas oficialmente pelo Governo do Presidente Nicolás Maduro

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Lusa
24/08/2020 23:30 ‧ 24/08/2020 por Lusa

Mundo

Coronavírus

Segundo a oposição, entre os mortos estão 86 médicos e outros profissionais da área da saúde.

"(Nicolás) Maduro mente. A epidemia não está controlada na Venezuela e Maduro, de maneira improvisada e irresponsável, pretende criar uma falsa normalidade nos venezuelanos com fins eleitorais, políticos", disse José Manuel Olivares, deputado e comissário designado pelo líder opositor Juan Guaidó para a área da saúde.

José Manuel Olivares falava numa conferência de imprensa virtual, durante a qual falou sobre a situação dos hospitais do país e acusou o regime de "tentar ocultar a sua incapacidade, o que não fez durante as 26 semanas de quarentena" da covid-19.

"Hoje vemos como aumentou a deterioração dos nossos hospitais. Não há camas disponíveis. O estado de Bolívar está com 100% das urgências ocupadas, assim como (nos estados de) Miranda, Sucre e Delta Amacuro. Isso traduz-se em que não existe camas nem respiradores", disse.

Sobre as unidades de terapia intensiva, explicou que os estados de Sucre, Monágas e Anzoátegui e a cidade de Caracas são as regiões "mais afetadas", porque "não há camas disponíveis para atender os pacientes em terapia intensiva", e que nos outros 17 estados do país a ocupação é de mais de 60%.

"Em Zúlia, Yaracuy, Bolívar e Delta Amacuro a situação continua a agravar-se", garantiu.

O deputado adiantou que em 23 de julho foi encerrada a área do Hospital Universitário de Caracas onde faziam testes do novo coronavírus e que é "assim na maioria dos hospitais da Venezuela, já que nem testes estão a fazer".

A Venezuela iniciou hoje uma semana de flexibilização da quarentena social, depois de no último domingo registar 607 novos casos confirmados de pacientes com a covid-19, o número mais baixo registado desde 04 de agosto.

No país estão oficialmente confirmados 39.546 casos de infeção da covid-19 e 329 mortes associadas ao novo coronavírus. Estão também dados como recuperados 29.966 pacientes.

O país está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar "decisões drásticas" para combater a pandemia.

A atividade económica é limitada e apenas está permitida a comercialização de produtos básicos essenciais, em horário reduzido.

Os voos nacionais e internacionais foram restringidos até 12 de setembro e a população está impedida de circular entre os diferentes municípios do país.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infetou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

 

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