"Vários jornalistas foram recentemente emprisionados por terem partilhado vídeos, criticado o Presidente [Abdelmadjid Tebboune] e expressado apoio aos movimentos de protesto", declarou, num comunicado, Amna Guellali, responsável da AI para o Médio Oriente e Norte de África.
Guellali salientou que as autoridades argelinas "estão preparadas para tudo fazer para calar as críticas" e denunciou as "penas pesadas" num "contexto de crescente repressão", pedindo que Argel respeite o direito à informação e ponha cobro ao encerramento de vários portais de notícias locais.
"Em vez de intimidar os jornalistas, as autoridades argelinas deveriam zelar para que todos os jornalistas do país possam exercer a sua profissão sem estarem intimidados, detidos ou com ameaças de detenção", lê-se ainda na declaração de Guellali.
A 10 deste mês, o jornalista Khaled Drareno, diretor do portal noticioso Casbah Tribune e correspondente na Argélia da cadeia de televisão francesa TV5 Monde e dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), foi condenado a três anos de prisão efetiva por "incitação a uma multidão não armada" e por "atentado à unidade nacional".
Segunda-feira passada, Abdelkrim Zeghileche, diretor de uma rádio independente na internet, foi também condenado a dois anos de prisão efetiva por "atentado à unidade nacional" e por "ofensas ao chefe de Estado".
Ambas as sentenças causaram choque e indignação no meio jornalístico.
Segundo a AI, as autoridades argelinas já prenderam pelo menos oito jornalistas desde que começou o Hirak, o movimento de contestação ao regime, em fevereiro de 2019.
Por outro lado, vários portais de notícias têm sido recorrentemente objeto de bloqueios no território argelino, havendo dois que estão inacessíveis, segundo reportaram hoje os RSF.
A Argélia figura no 146.º lugar (num universo de 180 países) na classificação mundial da liberdade de imprensa elaborada pelos RSF, tendo caído 27 posições desde 2015.