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Ministro chinês desvaloriza preocupações de europeus com direitos humanos

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China defendeu no domingo os campos de detenção em Xinjiang e a nova lei de segurança nacional de Hong Kong, afastando as preocupações demonstradas pelos líderes europeus sobre os direitos humanos.

Ministro chinês desvaloriza preocupações de europeus com direitos humanos
Notícias ao Minuto

07:14 - 31/08/20 por Lusa

Mundo Wang Yi

Wang Yi está a realizar um périplo pela Europa, na sua primeira deslocação oficial ao exterior, desde o início da pandemia do novo coronavírus, numa tentativa de revigorar o comércio e as relações, danificadas pela atual crise económica e de saúde pública.

Em Paris, Wang repetiu a alegação do Governo chinês de que todos os membros de minorias étnicas muçulmanas enviados para centros de reeducação na região de Xinjiang, no extremo oeste da China, foram libertados e colocados no mercado de trabalho.

Grupos de defesa dos direitos humanos e famílias continuam a relatar detenções contínuas de uigures e cazaques. As alegações são difíceis de verificar, já que o acesso da imprensa a Xinjiang, que foi convertido num Estado policial, é altamente controlado.

"Os direitos de todos os estagiários no programa de educação e treino, embora as suas mentes tivessem sido possuídas pelo terrorismo e extremismo, foram totalmente assegurados", disse Wang Yi, em conferência de imprensa, no Instituto Francês de Relações Internacionais.

"Agora que estão formados, não há mais ninguém no centro de educação e treino. Todos encontraram empregos", garantiu.

O Governo chinês deteve cerca de 1 milhão ou mais de membros de minorias étnicas de origem muçulmana em campos de internamento e prisões onde são submetidos a doutrinação e forçados a denunciar a sua religião e idioma. Antigos detidos denunciaram ainda abusos físicos.

A China há muito que suspeita que os uigures nutrem tendências separatistas por causa da sua cultura, língua e religião distintas dos Han, a etnia dominante na China.

Questionado sobre a lei de segurança de Hong Kong, Wang disse: "Certamente não poderíamos ficar parados e deixar o caos continuar, então promulgamos uma lei de manutenção da segurança nacional que se adequava especificamente à situação de Hong Kong".

A lei é vista por muitos como a medida mais ousada de Pequim para quebrar as barreiras legais entre o território semiautónomo de Hong Kong e o sistema autoritário do Partido Comunista na China continental.

Wang chamou ambas as questões de assuntos internos chineses e advertiu que as potências estrangeiras não devem interferir.

Numa reunião na sexta-feira com Wang, o Presidente francês, Emmanuel Macron, expressou a "sua forte preocupação com a situação em Hong Kong e com os direitos humanos, especialmente dos uigures, e a necessidade de a China respeitar os seus compromissos internacionais".

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, levantou preocupações semelhantes, assim como as autoridades em outros países da Europa que Wang visitou.

Além de França, o ministro chinês visitou Itália, Holanda e Noruega, num périplo pela Europa que encerra na terça-feira, na Alemanha.

A sua visita também incluiu discussões sobre o comércio, combate às alterações climáticas e outras questões em que a Europa depende da China devido à sua crescente influência global.

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