Mahmud Abbas recusa que alguém fale "em nome" dos palestinianos
O presidente da Autoridade Palestiniana rejeitou hoje que alguém possa falar "em nome" do povo palestiniano, numa alusão ao acordo entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, na primeira reunião entre as fações palestinianas em sete anos.
© Reuters
Mundo Mahmud Abbas
"Não podemos aceitar que falem em nosso nome, nunca o permitimos e nunca o permitiremos", disse Mahmud Abbas na reunião, a primeira que junta o presidente da Autoridade Palestiniana e o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, desde 2013.
Abbas falou por videoconferência a partir do seu gabinete, em Ramallah, e Haniyeh, líder da fação rival da Autoridade Palestiniana, e Ziad Nakhalé, líder da Jihad Islâmica palestiniana, a partir de Beirute.
"Não aceitaremos os Estados Unidos como único mediador de negociações e não aceitaremos o seu plano" para o Médio Oriente, prosseguiu Abbas, apelando "à unidade" palestiniana face à estratégia norte-americana.
Os Emirados Árabes Unidos e Israel anunciaram a 13 de agosto um acordo de normalização das relações diplomáticas, patrocinado por Washington.
Os palestinianos acusam os Emirados de traição e de violação do consenso árabe que fazia depender de uma resolução do conflito israelo-palestiniano qualquer normalização de relações de Estados árabes com Israel.
O acordo inscreve-se no plano de paz dos Estados Unidos, apresentado em janeiro, que prevê nomeadamente a anexação por Israel do Vale do Jordão e de colonatos na Cisjordânia e a criação de um Estado palestiniano num território mais pequeno que o atual.
Os palestinianos recusam o plano, e Abbas voltou hoje a insistir que têm um "direito exclusivo" a decidir sobre o que lhes diz respeito.
Os planos de anexação foram abandonados por Israel em troca do acordo com os Emirados, segundo Abu Dhabi, mas, segundo o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, trata-se de um mero "adiamento" de um plano ao qual não renunciou.
A Fatah, laica, dirigida por Mahmud Abbas, e o Hamas, islamista, que governam respetivamente a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, afirmaram em julho, numa rara conferência de imprensa comum, quererem abrir "uma nova página" no seu relacionamento em face do plano do Presidente Donald Trump.
"Devemos restaurar a nossa unidade nacional, pôr fim às divisões e estabelecer uma posição palestiniana [...] para fazer face aos projetos dirigidos contra o nosso povo", disse hoje Ismail Haniyeh, numa alusão aos planos de Israel de normalizar relações com mais Estados árabes.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou no domingo que Israel tem mantido conversações com vários dirigentes árabes e muçulmanos para uma normalização das relações diplomáticas.
Com o acordo anunciado a 13 de agosto, os Emirados tornaram-se o primeiro Estado árabe a estabelecer relações diplomáticas com Israel em mais de 20 anos, depois do Egito (1979) e da Jordânia (1994).
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