A análise, realizada pela Câmara de Comércio de Santiago do Chile e publicada na segunda-feira, aponta a América Latina como a região do mundo onde a taxa de emprego foi mais atingida pela pandemia, com seis países entre os 10 primeiros da lista dos que mais perderam empregos naquele período.
No caso do Peru, a redução do emprego no país foi de 39% enquanto na Costa Rica e no Chile a queda foi de 21%. No quarto lugar desta lista surge a Colômbia, com uma diminuição da taxa de emprego de 12%, seguida do Brasil, com menos 10%, e da Argentina, com menos 7%.
O 'ranking' dos 10 países cujo emprego foi mais afetado pela covid-19 e o confinamento que foi imposto inclui ainda as Filipinas, o Egito, a Arménia e os Estados Unidos.
Os dois lugares seguintes são ocupados por países europeus, Irlanda (perdeu 6,3%) e Espanha (menos 5,5%).
O estudo considera que "o denominador comum da evolução dos mercados de trabalho tem sido a perda de postos de trabalho decorrente das medidas de contenção do contágio", bem como "o abandono da procura de trabalho por parte dos novos desempregados por falta de expectativas", já que "grande parte das atividades económicas se encontra sob medidas de restrição".
A situação "explica porque é que o impacto [da pandemia e das restrições] tem sido muito maior em termos de emprego do que de taxa de desemprego: se as pessoas deixam de procurar trabalho, deixam de ser contabilizadas como desempregadas", adianta o documento.
Entre os países que dispõem de informações atualizadas, 51 apresentam quedas de magnitude variável no emprego e apenas nove registam aumentos, ainda que moderados, com destaque para o caso da Áustria (6%) e da China (9%).
"No caso da Áustria, à semelhança de outros países europeus, a imposição agressiva de medidas de retenção de emprego e de programas de incentivo à contratação temporária contribuíram para reduzir o peso do desemprego", indica o estudo.
"A relativa velocidade de reação dos planos de desconfinamento também contribuiu, embora essa estratégia tenha gerado temores quanto aos riscos de ressurgimento do contágio", acrescenta.
A China, onde começou a pandemia, melhorou significativamente os seus números no segundo trimestre do ano, criando mais de 13 milhões de empregos entre março e junho, após ter perdido seis milhões no primeiro trimestre, refere a análise.
Os Estados Unidos, por seu lado, foram a economia que mais postos de trabalho perdeu entre março e julho, com cerca de 12,5 milhões de pessoas a ficarem desempregadas.
De acordo com os dados, que vão até final de junho, o Brasil perdeu quase nove milhões de empregos desde março.
"Em geral, entre os países do hemisfério norte, o maior impacto no mercado de trabalho aconteceu entre os meses de abril e maio, enquanto junho e julho parecem ter sido o momento crítico na América do Sul", afirma.
Independentemente da altura em que se viveu o momento mais crítico, o estudo mostra "uma vulnerabilidade claramente maior nos mercados latino-americanos face à crise do coronavírus", com "impactos mais graves e muito mais dramáticos do que nas economias desenvolvidas".
O estudo conclui ainda que, nos próximos meses, se espera uma relativa melhoria nos indicadores do trabalho a nível global, graças ao desenvolvimento de "novas táticas de desconfinamento" e à "reabertura parcial das atividades".
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 924.968 mortos e mais de 29 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contração de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na zona euro e de 5,8% no Japão.