"Mais de 200 casos confirmados de novo coronavírus" foram registados na prisão de Roumieh, a leste de Beirute, disse o líder do sindicato dos médicos, Charaf Abou Charaf, durante uma conferência de imprensa, sem especificar se esta contagem inclui também os guardas prisionais.
Um vídeo que circulou nas redes sociais esta semana mostrou celas lotadas, prisioneiros a dormir no chão, uns muito próximos dos outros.
Num outro vídeo, um preso carrega um outro prisioneiro, garantindo que aquele está com febre alta e que nada tinha sido feito para cuidar dele.
As forças de segurança relataram na semana passada 22 casos de covid-19 - 13 presos e nove guardas - especificando que os prisioneiros foram transferidos para um prédio especialmente equipado para pacientes que devem observar um período de quarentena.
A prisão de Roumieh, a principal prisão do Líbano, acomoda quase 4.000 presos, quase três vezes a sua capacidade.
A administração penitenciária "tomou todas as precauções necessárias", garantiu Abou Charaf.
"O problema é a falta de cooperação dos detidos com os serviços de saúde e a falta de respeito pelas normas urgentes de saúde", referiu Charaf.
Num vídeo que circulou na quarta-feira, um grupo de presos furiosos pedia uma ação imediata para enfrentar a sobrelotação das prisões.
"Nós morremos na prisão, não há cuidado, proteção ou isolamento", garante um preso, entre uma centena outros que não usavam máscara.
As condições das prisões no Líbano, especialmente em Roumieh, são criticadas por organizações não governamentais (ONG) pela falta de higiene e serviços.
As autoridades anunciaram a abertura de dois hospitais na região de Bekaa (leste) e um terceiro em Beirute para prisioneiros.
O presidente da Ordem dos Advogados de Beirute, Melhem Khalaf, já havia alertado na segunda-feira contra uma "bomba humanitária" nas prisões, pedindo "medidas imediatas" para responder à crise.
O Líbano registou oficialmente 26.038 casos de contágio, incluindo 259 mortes por covid-19.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 941.473 mortos e mais de 29,9 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.