"Representamos mais de 60% da comunidade muçulmana em França e teríamos gostado que a o Governo nos tivesse escutado também a nós e não apenas a organizações oficiais", disse em conferência de imprensa Hassin Derouich, o imã de Nîmes.
O projeto de lei governamental, que Macron vai apresentar, destina-se a combater as "ideologias nocivas", em particular o islamismo radical, que segundo o chefe de Estado procuram fomentar o "separatismo" no interior da sociedade francesa.
A conferência de imãs criticou o facto de apenas tenha sido consultada a Fundação para o Islão em França, que não representará mais de 6% dos muçulmanos do país.
O seu diagnóstico da situação está resumido num livro branco hoje difundido, que inclui propostas para travar a radicalização dos jovens e inclui a colaboração de 20 representantes de outras comunidades europeias, incluindo Espanha, e uma do Senegal.
Os imãs sublinham que os jovens devem receber uma boa educação quer nas suas famílias quer e na escola, para "não se desviarem do caminho". Defendem ainda que muitos deles nunca frequentam a mesquita, mas poderão ter sido influenciados por pregadores radicais em países como a Síria ou Iraque.
Asseguram que o problema não consiste apenas nas pessoas que se foram no exterior, mas também as que saem das prisões. As autoridades calculam que existem cerca de 23.000 nomes inscritos nos ficheiros contra a radicalização de caráter islamita e que 500 foram condenados por esse género de ações.
Os imãs franceses congratularam-se pelo facto de o executivo se centrar finalmente nesta problemática, apesar de denunciar que não tenha convidado todos os setores religiosos, como os gestores das mesquitas, por serem eles que conhecem a realidade no terreno.
"Amanhã [sexta-feira] vamos assistir a um discurso muito importante para a França, a Europa e o mundo", assegurou o presidente da conferência, Hassen Chalghoumi, que defendeu um Islão republicano, aberto e com um projeto construtivo que possa conviver com outras correntes.
A sua associação congratulou-se com as futuras propostas, mas o apoio deste coletivo não constituiu um cheque em branco.
Numa coluna de opinião hoje publicada no diário Le Monde, o imã da mesquita de Paris, Chems-Eddine Hafiz, advertiu Macron que não apoiará as medidas "de forem dissimuladas e não representarem um plano de futuro".