África do Sul. Violência mostra lentidão do país a recuperar do apartheid
O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, apelou hoje à calma, após episódios de violência racial, afirmando que as tensões são uma triste memória de que a África do Sul ainda está a recuperar do regime do 'apartheid'.
© Reuters
Mundo Violência racial
O assassínio de um agricultor branco, seguido da invasão de uma esquadra onde estava um suspeito negro são alguns dos últimos episódios de violência racial na África do Sul que demonstram a lentidão com que o país recupera do 'apartheid'.
A mensagem do chefe de Estado surge após uma semana que culminou com uma acusação de terrorismo apresentada contra o alegado líder de uma manifestação de agricultores brancos, que incendiou um carro da polícia à porta do tribunal, onde suspeitos negros do assassínio de um agricultor branco estavam a ser ouvidos.
Na sequência desta acusação, ouviram-se vozes, particularmente na oposição, incluindo de cidadãos brancos, indignadas por o agricultor branco estar a ser tratado desta forma, acusando o sistema de justiça de preconceitos raciais.
Cyril Ramaphosa escreveu, numa declaração emitida pela Presidência, que "seria ingenuidade assumir que as relações raciais nas zonas rurais têm sido harmoniosas desde o advento da democracia".
"Mas se não abordarmos esta questão de uma forma aberta e honesta, continuará a ser uma ferida purulenta que ameaça a coesão social", acrescentou, considerando que "o que aconteceu em Senekal", uma cidade na província central de Free State, a mais de 200 quilómetros a sul de Joanesburgo, "mostra como é fácil acender o fogo do ódio racial".
"Temos de resistir a qualquer tentativa de utilizar crimes nas quintas para mobilizar comunidades ao longo das linhas raciais" disse Ramaphosa, sublinhando: "Não deve fazer diferença se a vítima de um crime violento é negra ou branca".
O Presidente salientou que, no contexto de alta criminalidade que afeta o país, a maioria das vítimas de crimes violentos continua a ser "negra e pobre".
Mas as manifestações em Senekal, na sequência do assassínio de Brendin Horn, de 22 anos de idade, mostram que o país não se livrou "das divisões e da desconfiança em relação ao passado", insistiu o Presidente.
"O brutal assassínio deste jovem agricultor branco, presumivelmente por homens negros, seguido do espetáculo de agricultores brancos a invadir uma esquadra de polícia para atacar um suspeito negro", é uma sequência que "reabre feridas que remontam a gerações atrás", sublinhou.
Nos últimos meses, registaram-se vários protestos contra um aumento de agressões e assassínios, principalmente contra brancos, nas zonas rurais.
Fonte do AfriForum, um grupo de pressão que defende os interesses da minoria branca (9% da população), disse à agência AFP que 292 ataques deste tipo foram registados este ano, incluindo 38 assassínios.
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