ONU condena violência pré-eleitoral na Costa do Marfim e apela ao diálogo
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou hoje a violência pré-eleitoral que ocorreu nos últimos dias em vários locais na Costa do Marfim e apelou para um "diálogo significativo" entre os responsáveis políticos do país.
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Mundo Costa do Marfim
"O secretário-geral está preocupado com a situação tensa na Costa do Marfim antes das eleições presidenciais marcadas para 31 de outubro", sublinha um comunicado enviado à imprensa pela porta-voz de Guterres, Stephane Dujarric.
Segundo a nota divulgada, Guterres "condena os acontecimentos violentos em Bonoua e Dabou, que causaram várias mortes, e expressa as suas sinceras condolências às famílias que perderam entes queridos".
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) reiterou o apelo aos líderes políticos e de opinião para "rejeitarem o uso do discurso do ódio e o incitamento à violência em termos etnopolíticos", ao mesmo tempo que apela ao "diálogo significativo" entre os atores políticos do país e os seus apoiantes, para se poderem realizar eleições "inclusivas e pacíficas".
As declarações de Guterres surgem após a Frente Popular da Costa do Marfim (FPI), da oposição, ter afirmado que pelo menos dez pessoas foram mortas em confrontos pré-eleitorais no país desde o apelo à "desobediência civil" lançado pela oposição no início da campanha eleitoral.
A oposição da Costa do Marfim rejeitou hoje as concessões propostas pelo Governo sobre uma reforma da comissão eleitoral do país para acabar com o boicote às eleições presidenciais de 31 de outubro.
Na quarta-feira, o Governo abriu a porta a uma reforma da Comissão Eleitoral Independente (CEI), um organismo que a oposição considera ser "subserviente" ao regime do Presidente, Alassane Ouattara.
Para os opositores de Ouattara, este não tem direito a candidatar-se a um terceiro mandato.
Eleito para a Presidência em 2010, quando substituiu Laurent Gbagbo, e reeleito em 2015, Ouattara tinha anunciado em março que não iria tentar um terceiro mandato, acabando por mudar de ideias após a morte do seu delfim, o primeiro-ministro Amadou Gon Coulibaly, em 08 de julho deste ano.
A Constituição da Costa do Marfim prevê um máximo de dois mandatos, mas o Conselho Constitucional decidiu que, com a aprovação de uma nova versão do texto fundamental do país, em 2016, o número de mandatos de Ouattara foi reposto a zero, algo contestado pela oposição.
Na Costa do Marfim paira um receio de uma repetição de mortais episódios de violência, à semelhança do que aconteceu após as eleições presidenciais de 2010.
Estima-se que 3.000 pessoas tenham morrido devido à recusa de Laurent Gbagbo em admitir a derrota face a Ouattara.
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