Uma mulher sofreu ferimentos de balas na perna direita e um jovem foi atingido por vários estilhaços de vidros durante o ataque ocorrido cerca das 06:00 (04:00 de Lisboa) na localidade de Matenga (Sofala), contra o autocarro da transportadora Maning Nice, disse à Lusa uma passageira.
"Tínhamos passado Inchope e 40 quilómetros depois começámos a ouvir tiros", quando duas pessoas sofreram ferimentos ligeiros, contou à Lusa Sandra Ricardo, que viajava no autocarro.
A viatura que partiu de Chimoio, centro do país, tinha como destino a cidade de Nampula, no norte.
Um vídeo enviado à Lusa por um dos passageiros mostra o autocarro em movimento com os passageiros em pânico, muitos agachados e um deles deitado no corredor, entre as cadeiras, enquanto uma mulher limpava sangue num dos assentos.
No mesmo vídeo podem ver-se vários vidros de janelas com perfurações de balas e outros partidos, além de estilhaços nos assentos, já desocupados.
"Fomos atacados numa zona com uma mata pouco densa e os disparos vinham das duas 'margens' da estrada. Foi muito assustador", descreveu Ezequiel Tomás, outro passageiro.
A zona acumula um histórico de emboscadas a viaturas civis desde agosto de 2019, altura do reinício das incursões armadas atribuídas, pelas autoridades, à autoproclamada Junta Militar da Renamo, um grupo de dissidentes do maior partido da oposição em Moçambique.
Contactado pela Lusa, o líder dissidente, Mariano Nhongo, negou a autoria do ataque, insistindo desconhecer o novo incidente.
"A Junta Militar não está a realizar ataques. Não sabemos deste ataque e nem sei onde foi", precisou Mariano Nhongo em declarações por telefone.
A Polícia de Sofala remeteu esclarecimentos para o final do dia, disse à Lusa o porta-voz, Daniel Macuacua.
O novo ataque ocorre três dias depois do fim de uma trégua unilateral de sete dias declarada por Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, com vista à promoção do diálogo com o grupo dissidente da Renamo.
O grupo é o principal suspeito dos ataques que já provocaram cerca de 30 mortes no centro do país desde agosto de 2019.
Mariano Nhongo e os seus homens opõem-se também à atual liderança da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e reclamam melhores condições de reintegração que as definidas no Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado em 2019.