EUA. E se um dos candidatos se declarar vencedor antes do tempo?

A possibilidade de declaração de vitória antecipada é discutido há várias semanas, num cenário de resultados muito próximos entre os candidatos democrata e republicano. A ideia é - na iminência de um resultado potencialmente negativo - criar o caos suficiente para arrastar a decisão final para os tribunais.

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© Samuel Corum/Getty Images

Anabela Sousa Dantas
04/11/2020 04:43 ‧ 04/11/2020 por Anabela Sousa Dantas

Mundo

Presidenciais

O site Axios noticiou no domingo, citando três fontes próximas da administração norte-americana, que Donald Trump se preparava para ignorar os resultados finais da eleição e declarar vitória se os primeiros resultados lhe dessem vantagem - antes de se contarem todos os votos. A direção de campanha do presidente negou estas intenções, em reação ao mesmo site: “Isto não é nada senão uma tentativa de lançar dúvidas sobre uma vitória de Trump. Ele vai anunciar quando ganhar”.

Várias coisas podem criar caos na noite eleitoral: votos perdidos, decisões judiciais relativas à contagem de votos em alguns estados, sublevação armada, etc. Um deles é também a declaração antecipada de vitória - que alguns jornais apelidaram de "miragem vermelha" ou "miragem azul", dependendo do partido. É uma jogada arriscada, mas que pode criar o caos necessário para subverter um resultado negativo.

Os resultados finais destas eleições presidenciais podem sair até vários dias depois. Um dos casos que é sempre trazido à liça é a Florida, cujos votos podem decidir o resultado para um lado ou para o outro. Trump pode começar a noite com vantagem neste estado, quando estiverem apenas contados os votos dos condados rurais ou mais pequenos. A cidade de Filadélfia, maioritariamente democrata, tem centenas de milhares de votos por correspondência para contar. Quando todos estes votos forem contados, e pode não ser esta terça-feira, poder-se-á assistir a uma mudança de ‘red’ para ‘blue’ e decidir a eleição.

Até ao momento, 4h40 da manhã em Lisboa, a Florida está com três pontos de avanço (mais 381 mil votos) para Donald Trump, indicando o New York Times que faltam contar 700 mil votos. E embora a Fox News já tenha dado a vitória a Trump, o resultado ainda por ser revertido. É um cenário hipotético, sublinhe-se. Há várias cidades que estão a reportar atrasos na contagem de votos por correio.

A "miragem" pode acontecer por causa de qualquer ‘swing state’ com uma metrópole grande que atrase a contagem de votos (como Milwaukee, Miami ou Cleveland). A título de exemplo, apenas 75.000 dos 350.000 votos recebidos por correio na Filadélfia, no estado-chave da Pensilvânia, serão considerados na primeira fase da contagem, anunciou esta madrugada a comissária eleitoral.

Com dezenas de milhões de pessoas a votar antecipadamente (por correio e presencialmente) e com as sondagens a antever diferenças mínimas de vantagem em alguns estados, poderão estar criadas as condições para que o presidente incumbente ou se declare vencedor antecipadamente ou conteste os resultados.

Alguns especialistas citados pela imprensa norte-americana avisam, no entanto, que as queixas de Donald Trump sobre não saber os resultados finais na noite eleitoral não passam de mais uma tentativa de retirar legitimidade ao resultado, explicando que nunca foram conhecidos resultados finais na própria noite eleitoral.

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