"Temos 3.600 pessoas que atravessaram a fronteira entre a Costa do Marfim e a Libéria", disse a representante do ACNUR em Monróvia, Roseline Okoro, citada pela agência France-Presse.
Cerca de 40 pessoas foram mortas desde agosto na Costa do Marfim, em atos de violência relacionados com as eleições presidenciais.
A oposição, rejeitando a perspetiva de um terceiro mandato para o atual presidente, Alassane Ouattara, boicotou o escrutínio e lançou uma campanha de desobediência civil. Após a eleição e o anúncio da vitória de Ouattara, na primeira volta, anunciou a formação de um conselho nacional de transição.
O Conselho Constitucional da Costa do Marfim validou hoje a reeleição de Alassane Ouattara, com 94,27% dos votos.
O ACNUR já se tinha manifestado alarmado na semana passada com a fuga de milhares de marfinenses para a Libéria, Gana e Togo.
Segundo o ACNUR, cerca de 1.600 marfinenses chegaram à Libéria no dia a seguir às eleições. Esta agência das Nações Unidas está a distribuir alimentos, mas encontrar abrigo para os recém-chegados está "a tornar-se um problema".
A Libéria, um dos países mais pobres do mundo, foi duramente atingida pelas guerras civis que mataram cerca de 250.000 pessoas entre 1989 e 2003 e pela epidemia de febre hemorrágica do Ébola, que atingiu a África Ocidental de 2014 a 2016 e matou 4.800 pessoas no país.
Este país, que está a debater-se com sérios problemas económicos, "não está economicamente preparado para receber um afluxo de refugiados", disse Sester Logan, diretor da agência governamental para os refugiados.
A permeabilidade das fronteiras dificulta a contagem do número de refugiados que fugiram da violência eleitoral na Costa do Marfim, acrescentou.
Segundo o Conselho Constitucional da Costa do Marfim, Alassane Ouattara foi reeleito para um terceiro mandato com 94,27%, ou seja, 3.031.483 votos de um total de 3.215.909 votos.
Segundo as votações validadas pelo Conselho Constitucional, o candidato independente Kouadio Konan Bertin ficou em segundo lugar com 1,99% dos votos (64.011 votos).
O antigo presidente Henri Konan Bédié terminou em terceiro com 1,66% (53.330 votos) e o antigo primeiro-ministro Pascal Affi N'Guessan em quarto com 0,99% (31.986 votos).
Eleito em 2010 e reeleito em 2015, Ouattara tinha anunciado em março que iria desistir de uma nova candidatura, antes de mudar de ideias em agosto, após a morte do candidato presidencial do seu partido e então primeiro-ministro, Amadou Gon Coulibaly.
A Constituição da Costa do Marfim prevê um máximo de dois mandatos presidenciais, mas o Conselho Constitucional considerou que, com a reforma adotada em 2016, a contagem de mandatos de Ouattara tinha sido recolocada a zero, dando cobertura a uma nova candidatura.