"Elementos da OIM relataram um terrível naufrágio que fez hoje pelo menos 74 mortos ao largo de Khuma, na costa da Líbia", informou a agência da ONU num comunicado.
Os sobreviventes resgatados foram levados para terra pela guarda costeira líbia e por pescadores, de acordo com a OIM.
Até ao momento, 31 corpos foram recuperados e "as buscas por outras vítimas prosseguem", disse a mesma entidade.
Este naufrágio ocorreu na rota do Mediterrâneo Central, encarada como a mais mortal, que sai da Argélia, Tunísia e Líbia em direção à Itália e a Malta.
Nos últimos dois dias, 19 pessoas, incluindo duas crianças (nomeadamente um bebé de seis meses), morreram afogadas na sequência do naufrágio de duas embarcações nesta rota migratória, informou também a OIM, que especificou que o navio humanitário "Open Arms" da organização não-governamental (ONG) espanhola Proativa Open Arms -- o único a operar atualmente no Mediterrâneo Central - salvou um total de 200 pessoas em três operações de resgate.
Desde o início do ano, pelo menos 900 migrantes morreram afogados no Mediterrâneo quando tentavam alcançar às costas europeias, referiu a OIM, mencionando que em certos casos estas pessoas morreram porque os meios de socorro chegaram tarde de mais.
Mais de outras 11.000 pessoas foram devolvidas à Líbia, "correndo o risco de estarem expostas a violações dos direitos humanos, detenção, abusos, tráfico e exploração", concluiu o comunicado da agência da ONU, liderada pelo português António Vitorino.
A Líbia tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, sobretudo africanos e árabes que tentam fugir de conflitos, violência e da pobreza, que procuram alcançar a Europa através do mar Mediterrâneo.
Devido à situação do país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muhammar Kadhafi em 2011, a Líbia tem sido igualmente um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes.
As denúncias sobre as condições desumanas e as violações dos direitos das pessoas mantidas em centros de detenção de migrantes na Líbia também são frequentes.