De acordo com o Fundo de Investimento Direto da Rússia e o Centro Nacional de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, uma análise preliminar de 20 casos de covid-19 identificados entre os participantes nos ensaios clínicos permitiu concluir que a vacina é 92% eficaz.
Estes resultados resultam de uma análise a mais de 16 mil voluntários, entre o total de 40 mil envolvidos no ensaio, que decorreu três semanas depois de terem recebido a primeira dose da vacina ou de um placebo.
O anúncio, divulgado hoje pela revista científica Nature, foi feito na quarta-feira, através de um comunicado publicado no 'site' da Sputnik V, dois dias depois de a farmacêutica Pfizer ter revelado que dados provisórios indicam que a sua vacina pode ser eficaz em 90% dos casos.
As conclusões da Pfizer decorrem, no entanto, do registo de 94 infeções entre quase 44 mil, representando uma amostra superior à russa.
Devido a esta diferença, um epidemiologista britânico, Stephen Evans, citado pela Nature alerta que o reduzido número de casos reportado no ensaio da Sputnik V implica um menor grau de certeza sobre a eficácia da vacina.
"É necessário um acompanhamento adicional porque os resultados são compatíveis com uma eficácia muito menor - 60% - com base nesses dados", refere.
Um outro especialista em imunologia citado pela mesma publicação, Shane Crotty, diz que "não concluiria nada a partir de 20 eventos".
O desenvolvimento da vacina russa contra a covid-19 tem sido controverso, uma vez que o protocolo dos ensaios clínicos não foram tornado públicos, ao contrario de outras candidatas, como a da Pfizer, não sendo por isso claro se já estava prevista uma análise preliminar aos 20 casos positivos.
"Temo que estes dados tenham sido apressados pelo anúncio da Pfizer", disse à Nature outra imunologista britânica, Eleanor Riley, alertando que "isto não é uma competição".
No início de setembro, os resultados preliminares de um estudo publicado pela revista científica The Lancet davam conta que a vacina russa contra a covid-19 é segura, não provocaram reações adversas graves e motivaram uma resposta de anticorpos.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.285.160 mortos em mais de 52,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 3.181 pessoas dos 198.011 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.