O Departamento da Polícia de Nova Iorque ignora, em grande parte, as recomendações de punição para má conduta por parte dos seus oficiais. Uma investigação realizada pelo jornal New York Times apurou que 71% das 6.900 acusações por má conduta grave ocorridas ao longo das últimas duas décadas foram reduzidas ou rejeitadas pela força policial.
As recomendações eram feitas pelo Comité de Revisão de Queixas Civis (Civilian Complaint Review Board) e incluíam sanções graves, que passavam pela suspensão de funções do oficial ou mesmo o seu despedimento da força - por se tratarem de violações graves dos regulamentos.
De acordo com o apurado pelo jornal, que analisou os dados divulgados recentemente, a NYPD usava o seu poder contra o Comité - criado em 1993 com o intuito de ser independente da força policial - para anular a determinação do mesmo. As punições eram, portanto, rejeitadas ou viam a sua severidade reduzida, mesmo quando a própria força admitia que tinham sido violados os regulamentos.
Ao mesmo tempo, a cidade de Nova Iorque pagava milhares de dólares para resolver processos judiciais levados a cabo pelas vítimas de alguns desses casos.
A divulgação dos registos do Comité de Revisão de Queixas Civis surge numa altura em que os departamentos de polícia nos Estados Unidos estão sob intenso escrutínio e a sofrer pressão para despedir oficiais envolvidos em casos problemáticos, algo que se intensificou após a morte de George Floyd.