Brasil recebe 120 mil doses de vacina chinesa contra novo coronavírus

O Brasil, um dos países do mundo mais afetados pela pandemia de covid-19, recebeu hoje 120 mil doses da Coronavac, potencial vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac, que está em fase final de desenvolvimento.

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Lusa
19/11/2020 15:01 ‧ 19/11/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

O primeiro lote do imunizante, cuja aplicação depende da divulgação dos resultados científicos da pesquisa que envolveu o desenvolvimento do medicamento, e da aprovação das autoridades sanitárias, chegou hoje a São Paulo, que fechou um contrato com a Sinovac para receber um total de 46 milhões de vacinas.

O avião que transportava as vacinas e que deixou a China na segunda-feira pousou hoje de manhã no Aeroporto Internacional de Guarulhos, que opera voos internacionais para a cidade de São Paulo.

"Estamos aqui para receber a carga que ajuda a salvar a vida de milhares de brasileiros", declarou o governador de São Paulo, João Doria, que junto com outras autoridades locais recebeu as vacinas no aeroporto.

Além de importar doses da vacina, o acordo do Governo de São Paulo com o laboratório chinês também prevê a transferência da tecnologia da vacina para o Instituto Butantan, entidade pública que coordena os ensaios clínicos no Brasil com a empresa asiática.

Os ensaios estão a ser realizados num total de 13 mil voluntários brasileiros e, de acordo com os resultados publicados esta semana na revista científica Lancet, a vacina tem capacidade de produzir uma resposta imune no organismo 28 dias após a sua aplicação em 97% dos casos.

Se a vacina atingir as taxas de eficácia e segurança necessárias após a conclusão dos ensaios, o imunizante deve ser submetido à avaliação das autoridades sanitárias para registo e posterior utilização em campanhas de imunização contra o novo coronavírus.

No entanto, a vacina em desenvolvimento já se tornou o centro de uma batalha política entre o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o governador Doria, que patrocina o ensaio.

A disputa entre os dois líderes tornou-se mais evidente na semana passada, quando Bolsonaro comemorou a suspensão momentânea dos testes da Coronavac, após a morte de um voluntário por motivos não relacionados à vacina.

A decisão de suspensão foi recebida quase com indignação pelo Instituto Butantan e, após uma troca de acusações, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a retoma dos testes e libertou a importação de seis milhões de doses.

As 120 mil vacinas fazem parte do lote de seis milhões de doses prontas para aplicação quando forem autorizadas pela vigilância sanitária.

O Brasil tornou-se um dos grandes centros de ensaio de vacinas do mundo, tanto pela diversidade genética de sua população e pela capacidade de alguns de seus laboratórios, quanto pela intensidade da pandemia no país.

Com mais de 210 milhões de habitantes, o Brasil registou quase 167.455 mortes e cerca de seis milhões de infetados, dados que o tornam um dos países mais afetados do mundo em números absolutos junto com os Estados Unidos da América e a Índia.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.350.275 mortos resultantes de mais de 56,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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