África deve contrariar "tendência egoísta" de países desenvolvidos

Os países africanos devem "tentar contrapor a tendência egoísta dos países desenvolvidos" e encontrar soluções alternativas para adquirir vacinas contra a covid-19, defende a ativista social e política moçambicana Graça Machel.

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Lusa
23/11/2020 07:00 ‧ 23/11/2020 por Lusa

Mundo

Graça Machel

"Sabemos que os países mais desenvolvidos estão agora a trabalhar furiosamente para adquirirem a maior parte das doses das vacinas que estão a ser provadas que são eficazes e estão a pensar nos seus países pura e simples. Os africanos estão também a organizar-se", afirmou Graça Machel, em entrevista à agência Lusa.

A presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, organização não-governamental moçambicana, referiu a iniciativa do atual presidente da União Africana, Cyril Ramaphosa, de constituir uma equipa de 10 chefes de Estado como grupo coordenador da resposta de África ao impacto da pandemia, incluindo o acesso às vacinas.

Este grupo criado pelo também Presidente sul-africano está a ser aconselhado por uma equipa técnica que se coordena diariamente e elabora pareceres, e que está a coordenar e ver a possibilidade de se fazer a produção de vacinas em países como a Índia.

"Em vez de depender dos países do norte para produzir as mesmas vacinas, pode-se produzir num país em desenvolvimento para responder aos países em desenvolvimento. Vamos tentar contrapor a tendência egoísta dos países desenvolvidos para produzir respostas igualmente eficazes para o continente africano e continente asiático", explicou Graça Machel.

A ativista social falava a propósito do relatório do Índice Ibrahim de Governação Africano (IIAG) 2020, publicado na semana passada, que antecipa um agravamento de problemas em termos de "Participação, direitos e inclusão" e um impacto ao nível da evolução económica até agora positiva.

"Nós já temos evidência que a pandemia agravou as desigualdades sociais e como medir isso é aquilo que ainda vai ter de ser feito uma vez que a pandemia ainda não foi completamente debelada", adiantou a antiga ministra da Educação moçambicana.

Dados preliminares de fontes como o Afrobarómetro, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e outras organizações internacionais como a Plan International indicam que os confinamentos resultaram na exclusão de milhões de crianças africanas das aulas devido à falta de acesso a computadores ou à Internet.

Outra consequência foi o aumento exponencial de gravidezes indesejadas ou precoces de mulheres que perderam o acesso a programas de planeamento familiar e métodos de prevenção, bem como de adolescentes vítimas de abuso sexual ou casamento forçado.

"Mulheres e adolescentes carregam um dos pesos maiores das implicações desta pandemia", lamentou Graça Machel.

Leia Também: Moçambique ainda não recuperou do impacto das "dívidas ocultas"

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