Amigo diz que Khashoggi era ameaçado por conselheiro do príncipe saudita
Um amigo de Jamal Khashoggi, assassinado em 2018 em Istambul, disse hoje que o jornalista saudita recebeu ameaças de um conselheiro do príncipe herdeiro bin Salman, de acordo com relatos dos 'media' sobre o julgamento.
© Chris McGrath/Getty Images
Mundo Jamal Khashoggi
Vinte sauditas, incluindo dois familiares do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, conhecido como MBS, estão a ser julgados à revelia em Istambul pelo assassínio de Khashoggi no consulado árabe em Istambul em outubro de 2018, tendo decorrido hoje a segunda audiência.
No tribunal, Ayman Nour, um opositor egípcio próximo de Khashoggi, disse que o falecido jornalista tinha sido ameaçado por Saud al-Qahtani, um ex-conselheiro do príncipe herdeiro que está entre os acusados, segundo relatos dos 'media' locais.
"Jamal disse-me que estava a receber ameaças de Qahtani e da sua comitiva", disse Nour, durante a sessão de julgamento, citado pelo jornal Sabah.
Khashoggi, que foi assassinado aos 59 anos, tinha-se tornado um dissidente do regime, acusado de ligações com a Irmandade Muçulmana, odiada por Riade, e o seu assassínio mergulhou a Arábia Saudita numa das piores crises diplomáticas da sua história e manchou o prestígio de MBS.
O Governo saudita alega que Khashoggi foi morto numa operação não autorizada, mas as autoridades turcas e norte-americanas acreditam que o assassínio não poderia ter sido realizado sem a aprovação de MBS.
Um julgamento pouco transparente na Arábia Saudita determinou a condenação de cinco pessoas a uma pena de morte, mas em setembro essas sentenças foram comutadas para 20 anos de prisão.
As relações entre os governos de Ancara e de Riade, rivais regionais, também se deterioraram consideravelmente desde a morte do jornalista.
Neste contexto de tensões, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o rei Salman, da Arábia Saudita, tiveram uma rara conversa telefónica, no sábado, antes de uma cimeira virtual do G20.
O julgamento em Istambul foi iniciado em julho e os procuradores turcos apresentam Qahtani e o general Ahmed al-Assiri, ex-número dois da inteligência da Arábia Saudita, como mentores do crime.
Durante a audiência de hoje, o tribunal também rejeitou o pedido da organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras para se tornar para ser assistente do processo, que terá a próxima sessão no dia 04 de março.
"Estamos dececionados (...), mas continuaremos a acompanhar de perto este julgamento e pedir respeito pelos padrões internacionais", disse Rebecca Vincent, diretora de campanhas internacionais dos Repórteres Sem Fronteiras.
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