RCA: CEEAC pede fim de "crimes" que ameaçam país a um mês das eleições

Os 11 países da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), reunidos hoje numa cimeira no Gabão, apelaram ao fim dos "crimes" que ameaçam a República Centro-Africana (RCA), um mês antes das eleições presidenciais e legislativas.

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Lusa
27/11/2020 18:38 ‧ 27/11/2020 por Lusa

Mundo

República Centro-Africana

A primeira ronda das eleições ocorre em 27 de dezembro, num país em que dois terços do território continuam ocupados por grupos rebeldes armados.

"Os crimes cometidos ameaçam a união da RCA e a sua existência", disse o chefe da diplomacia do Gabão, Pacôme Moubelet Boubeya, perante seis dos 11 chefes de Estado da CEEAC que marcaram presença na cimeira anual da organização, a convite do Presidente gabonês, Ali Bongo Ondimba.

Em nome da CEEAC, o responsável gabonês apelou para que os atores políticos e grupos armados na RCA "aproveitem a oportunidade histórica das eleições para lançar as bases da reconciliação e reconstrução" do país, um dos mais pobres do mundo,

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do então Presidente da RCA, François Bozizé, por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.

Após seis anos de exílio no estrangeiro, Bozizé regressou à capital do país, Bangui, em dezembro de 2019.

O antigo chefe de Estado continua sob sanções aplicadas pela na Organização das Nações Unidas (ONU) devido ao seu papel no conflito, incluindo pelo seu apoio às milícias cristãs anti-Balaka.

O atual Presidente, Faustin Archange Touadéra, candidata-se a um segundo mandato, enfrentando 21 rivais declarados, incluindo Bozizé, cuja candidatura ainda não foi validada.

Touadéra esteve presente na cimeira, em Libreville, tal como os chefes de Estado de Angola, Gabão, Chade, República do Congo, Burundi, enquanto os restantes cinco países se fizeram representar por delegações.

A CEEAC é integrada por Angola, Burundi, Camarões, Chade, Gabão, Guiné Equatorial, República Centro-Africana, República do Congo, República Democrática do Congo, Ruanda e São Tomé e Príncipe.

Durante a cimeira, o chefe de Estado da República do Congo, Denis Sassou-Nguesso, assumiu a presidência rotativa da organização regional.

O Governo centro-africano controla um quinto do território, sendo o resto dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Um acordo de paz foi assinado em Cartum, capital do Sudão, em fevereiro de 2019 por Governo e por 14 grupos armados, e um mês mais tarde as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito do processo de paz.

Portugal está presente na RCA desde o início de 2017. A 7.ª Força Nacional Destacada, constituída por 180 militares, encontra-se no país e integra a missão da ONU, a Minusca.

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