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Este cartão natalício, do qual existirão, no mundo, apenas cerca de 30 exemplares, retrata uma família britânica a brindar com taças de vinho tinto, numa imagem onde se lê "Um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo para si".
Mas para as pessoas abstinentes -- havia bastantes no século XIX -- este cartão era considerado uma farsa por dois motivos em particular: a imagem incluía alegria a mais e uma das jovens está a beber vinho a partir de uma taça de adulto.
A sociedade puritana da altura não gostou do modo como o Natal em família tinha sido representado. A contestação foi tal que só três anos mais tarde, em 1846, é que voltou a ser impresso um cartão de Natal.
O exemplar do cartão vai começar a ser vendido, a partir de hoje, através de um consórcio gerido pela Marvim Getman, um revendedor sediado em Boston, no Massachusetts, EUA, especializado em obras e manuscritos.
"As pessoas estavam bastante perturbadas porque esta imagem 'escandalosa' tinha crianças a brindarem com uma taça de vinho juntamente com os adultos. Houve uma campanha para a censurar e suprimir", disse o fundador e presidente da Kingston, Justin Schiller, um revendedor de obras e antiquário responsável pela venda do exemplar do cartão.
A Getman, que 'deu uma volta' ao modelo de negócio e virou-se para o 'online' por causa da pandemia, disse que esta cópia faz parte de um conjunto de apenas 1.000 exemplares, que terão sido vendidos originalmente a um preço muito baixo, e apenas cerca de 30 exemplares terão sobrevivido.
O cartão foi desenhado pelo pintor e ilustrador John Callcott Horsley, na sequência da sugestão de Sir Henry Cole, um inventor britânico que foi também o fundador do Museu Victoria e Albert, em Londres, Reino Unido.
Cole é também considerado o precursor da tradição de venda de cartões de Natal, que atualmente representa uma indústria multimilionária.
Este cartão em particular terá entrado em circulação para ser vendido na mesma semana em que foi publicada, em dezembro de 1843, a obra "A Christmas Carol", de Charles Dickens.
A casa de leilões Christie prevê que o cartão consiga ser vendido por um valor entre 5.000 e 8.000 libras (cerca de 5.500 a 8.800 euros), por causa da raridade do artigo e da peculiaridade.