O alerta é feito num relatório do Banco Mundial, divulgado hoje em Washington, no qual se lê que "a pandemia está a amplificar a crise de ensino global que já existia antes, e pode aumentar a percentagem de alunos em países de médio e baixo rendimento que vivem em situação de 'pobreza educativa', passando de 53 para 63%".
No documento, o Banco Mundial alerta que isto significa que "há uma geração de estudantes em risco de perder cerca de 10 biliões de dólares [mais de 8,2 biliões de euros] em rendimentos futuros, um valor equivalente a quase 10% do PIB mundial".
O relatório apresenta um conjunto de recomendações para os países, a começar pelo investimento nos sistemas de educação e nas reformas políticas, e na utilização de tecnologia.
"Sem uma ação urgente, esta geração de estudantes pode nunca atingir as suas capacidades potenciais e o máximo de rendimento, e os países perdem capital humano que é essencial para sustentar o desenvolvimento económico de longo prazo", comentou a vice-presidente do Banco Mundial para o Desenvolvimento Humano, Mamta Murthi.
"Ter mais de metade das crianças em todo o mundo em situação de pobreza educativa é inaceitável, e não podemos continuar como dantes no capítulo da educação", acrescentou a responsável, salientando que é preciso "ter uma ação ousada e visionária para que os agentes políticos em todo o mundo transformem esta crise numa oportunidade para reformar os sistemas de educação de forma a que todas as crianças possam aprender com alegria, rigor e sentido de propósito".
A pandemia de covid-19 deixou 1,6 mil milhões de alunos sem aulas em abril, e 700 milhões ainda continuam sem ir à escola, diz o Banco Mundial, pintando um cenário negro devido às consequências económicas da pandemia nas famílias.
"O impacto da contração da economia global nas famílias aumenta o risco do abandono escolar, os grupos marginalizados deverão cair ainda mais, as raparigas enfrentam riscos acrescidos de gravidez na adolescência e de casamentos precoces durante a pandemia", diz o Banco Mundial.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.507.480 mortos resultantes de mais de 65,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.