UE não reconhece processo eleitoral na Venezuela e pede solução urgente
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse hoje que a União Europeia (UE) não reconhece os resultados das eleições venezuelanas de domingo por terem violado as regras internacionais e democráticas, e apelou a uma solução política urgente.
© Lusa
Mundo Josep Borrell
"As eleições venezuelanas para a Assembleia Nacional decorreram, lamentavelmente, sem um acordo nacional sobre as condições eleitorais e não cumpriram as normas internacionais mínimas para um processo credível e para mobilizar o povo venezuelano a participar", critica em comunicado divulgado esta tarde o Alto Representante da UE para a Política Externa.
Para Josep Borrell, "esta falta de respeito pelo pluralismo político e a desqualificação e perseguição dos líderes da oposição não permitem à UE reconhecer este processo eleitoral como credível, inclusivo ou transparente, e os seus resultados como representativos da vontade do povo venezuelano".
O chefe da diplomacia europeia insiste, por isso, que "a Venezuela necessita urgentemente de uma solução política para pôr fim ao atual impasse e permitir a prestação da assistência humanitária urgentemente necessária ao seu povo".
"A UE apela às autoridades e líderes venezuelanos a darem prioridade aos interesses do povo venezuelano e a unirem-se urgentemente para iniciar um processo de transição liderado pela Venezuela, a fim de encontrar uma solução pacífica, inclusiva e sustentável para a crise política, através de eleições presidenciais e legislativas credíveis, inclusivas e transparentes", adianta Josep Borrell.
No domingo, a aliança de partidos que apoiam o Governo do Presidente venezuelano Nicolás Maduro venceu as eleições legislativas, com 67,6% dos votos, quando foram contados 82,35% dos boletins, anunciou hoje o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Uma aliança liderada pelos partidos tradicionais Ação Democrática (AD) e o Comité de Organização Política Eleitoral Independente (Copei) ficou em segundo lugar, com 944.665 votos (17,95%), informou a presidente do CNE, Indira Alfonzo.
Tanto o AD como o Copei sofreram a intervenção do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que impôs como líderes de ambos os partidos antigos militantes que foram expulsos e acusados de corrupção pelos seus antigos colegas.
Apesar de os políticos que lideram estes partidos por escolha dos seus membros terem optado por não participar nas eleições, incluindo o grupo liderado por Juan Guaidó, os responsáveis nomeados pelo STJ decidiram ir às urnas.
Em terceiro lugar ficou outra aliança liderada pelo Vontade Popular (VP), o partido de Leopoldo López e Guaidó, que também sofreu a ingerência do STJ, e que inclui ainda o Venezuela Unida (VU) e o Primeiro Venezuela (PV). Esta aliança obteve 220.502 votos, o que representa 4,19%.
O Partido Comunista Venezuelano teve 143.917 votos (2,73%), enquanto o resto das formações obtiveram 357.609 votos (6,79%).
A taxa de participação, de 31%, segundo o CNE, é ligeiramente superior à de 2005, quando a oposição tradicional também não participou e o 'chavismo' conquistou a maioria absoluta dos lugares por um período de cinco anos.
Nas eleições de domingo disputavam-se 277 lugares no parlamento, mais 110 do que nas últimas eleições parlamentares, e ainda não se sabe quantos representantes cada lado ganhou, embora seja claro que o partido no poder obteve uma clara maioria.
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