Brexit: "Há movimento" nas negociações mas faltam detalhes
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, referiu hoje que "há movimento" nas negociações para um acordo comercial pós-'Brexit' com o Reino Unido, o que qualificou de "bom", mas admitiu que faltam acertar "pontos cruciais".
© Thierry Monasse/Getty Images
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Interrogada, durante um evento de celebração do 60.º aniversário da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), sobre se havia hipóteses credíveis para um entendimento com o Reino Unido a três semanas do fim do período de transição, Von der Leyen frisou que "há movimento, o que é bom".
"Estamos mesmo na reta final [das negociações], mas é uma reta essencial. Queremos condições de concorrência justa, não apenas no início, mas também ao longo do tempo", frisou Von der Leyen.
Frisando que "a única questão importante" é o acesso do Reino Unido ao mercado único, a presidente da Comissão Europeia salientou que os britânicos são "bem-vindos", mas terão de escolher entre duas opções.
"Se o Reino Unido quer um acesso direto ao mercado único europeu - e o mercado da UE é o maior no mundo inteiro - são bem-vindos, mas têm, ou de lidar com as nossas regras - porque se trata de uma questão de justiça para as nossas empresas no mercado único - ou então haverá um preço [para esse acesso], que são quotas e tarifas. É isso que estamos a tentar resolver agora no final", sublinhou a presidente da Comissão Europeia.
Von der Leyen frisou ainda que, no âmbito da concorrência, a UE está "satisfeita" com a "arquitetura" negociada com o Reino Unido, mas que falta ainda acertar os "detalhes" e saber se eles "encaixam" nessa arquitetura.
"São pontos cruciais porque, mais uma vez, é uma questão de justiça, de concorrência leal, e queremos garantir isso", frisou Von der Leyen.
Ursula von der Leyen falava durante um evento que celebrava o 60.º aniversário da OCDE e que contou, no mesmo painel, com a participação do Presidente francês, Emmanuel Macron, do Presidente espanhol, Pedro Sánchez, e do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, entre outros.
No domingo, a UE e o Reino Unido decidiram prosseguir as negociações em busca de um acordo sobre as relações futuras pós-Brexit nos próximos dias.
Apesar de novo prolongamento - tendo em conta que os dois parceiros tinham definido o domingo como 'data-limite' para as conversas - as negociações não podem prolongar-se por mais de alguns dias, já que um eventual acordo tem de ser ainda ratificado - designadamente pelo Parlamento Europeu - antes de entrar em vigor, em 01 de janeiro de 2021.
O Reino Unido abandonou a UE em 31 de janeiro, tendo entrado em vigor medidas transitórias que caducam no próximo dia 31 de dezembro.
Na ausência de um acordo, as relações económicas e comerciais entre o Reino Unido e a UE passam a ser regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e com a aplicação de taxas aduaneiras e quotas de importação, para além de mais controlos alfandegários e regulatórios.
As duas partes estão a preparar-se para o cenário de ausência de acordo ('no deal'), ainda apontado como o mais provável, e tanto UE como o Reino Unido estão a acelerar os respetivos planos de contingência.
Do lado europeu, a Comissão Europeia publicou na passada quinta-feira planos de contingência para que não sejam interrompidas a circulação rodoviária, o tráfego aéreo e as atividades de pesca, enquanto o Reino Unido confirmou este fim de semana que quatro navios da Marinha britânica estão a postos para proteger as águas de pesca do Reino Unido se não houver acordo com a UE.
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