Nagorno-Karabakh: Violações ao cessar-fogo estão controladas, diz Rússia

A Rússia declarou hoje que as violações do cessar-fogo no Nagorno-Karabakh registadas na sexta-feira, com acusações mútuas entre arménios e azeris, foram rapidamente controladas.

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Lusa
14/12/2020 14:19 ‧ 14/12/2020 por Lusa

Mundo

Nagorno-Karabakh

 

"Ocorreu efetivamente uma situação alarmante, mas foi controlada de forma operativa", disse na conferência de imprensa diária o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O responsável acrescentou que "existe pouca informação" sobre o sucedido, mas que significou "de facto uma carga adicional" para as tropas de paz russas estacionadas no Nagorno-Karabakh.

"Os contactos com as partes foram estabelecidos com grande celeridade", disse Peskov.

No domingo, o tenente-general Rustam Muradov, comandante do contingente russo das tropas de paz deslocadas para o Nagorno-Karabakh, declarou que a situação ficou normalizada devido à intervenção das forças russas.

Segundo Muradov, o cessar-fogo foi violado nos arredores de duas localidades da região de Hadrut, no sul do enclave do Nagorno-Karabakh.

O contingente russo de forças de paz, que integra cerca de 2.000 efetivos, foi destacado para o Nagorno-Karabakh na sequência da declaração conjunta russo-azeri-arménia que pôs termo em 10 de novembro a uma guerra de 44 dias entre a Arménia e o Azerbaijão.

O conflito, com um balanço de 5.500 mortos militares e cerca de 150 civis, teve por desfecho a vitória do Azerbaijão, que recuperou sete distritos ocupados pela Arménia desde a guerra entre 1991 e 1994, e ainda parte do Nagorno-Karabakh incluindo Shusha, a segunda cidade mais importante.

O primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, anunciou hoje que o país vai declarar três dias de luto nacional, entre 19 e 23 de dezembro, pelos seus mortos no conflito.

"Em 19 de dezembro completam-se 40 dias do fim das ações militares no Karabakh e por isso será declarado em 19 de dezembro um luto de três dias", indicou Pashinyan na sua conta na rede social Facebook.

O primeiro-ministro acrescentou que nesse dia será celebrada uma "marcha de recordação" que se iniciará na praça da República e com término no cemitério militar de Yerablur, nos arredores da capital.

Pashinyan referiu ainda que em breve será efetuada a troca de prisioneiros com o Azerbaijão. "Aproxima-se o regresso do primeiro grupo de prisioneiros de guerra", assinalou.

Segundo o Defensor do Povo de Karabakh, Artak Beglarian, mais de 50 militares arménios estão detidos pelo Azerbaijão.

Confrontado com os pedidos de demissão da oposição, que o considera responsável pela derrota arménia no Nagorno-Karabakh, Pashinyan insistiu hoje que não se demitirá.

"Apenas renunciarei como resultado da expressão popular nas urnas. Enquanto tal não ocorrer vou continuar como primeiro-ministro", assegurou.

Segundo Pashinyan, os seus críticos pretendem marginalizar a população do processo político e adotar decisões "à porta fechada", algo que considerou "inaceitável".

A Arménia e o Azerbaijão, ex-repúblicas soviéticas, declararam a independência em 1991.

O Nagorno-Karabakh, uma região em território azeri, hoje habitada quase exclusivamente por arménios (cristãos ortodoxos), declarou independência do Azerbaijão muçulmano após uma guerra no início da década de 1990 que provocou cerca de 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.

Na sequência dessa guerra, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e EUA), constituído no seio da OSCE, mas as escaramuças armadas continuaram frequentes.

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