Futuro do clima e Acordo de Paris jogam-se em Glasgow em dezembro

A pandemia de covid-19 pôs este ano um parêntesis na ambição internacional sobre as alterações climáticas, que agora se centra na conferência do clima marcada para dezembro de 2021 em Glasgow.

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Lusa
28/12/2020 09:30 ‧ 28/12/2020 por Lusa

Mundo

2021

Das Nações Unidas veio no fim deste ano um apelo para compromissos políticos, financeiros e simbólicos renovados, com o secretário-geral da organização, António Guterres, a pedir a todos os países que declarem "estado de emergência climática" até que consigam atingir a neutralidade em emissões de gases com efeito de estufa.

O objetivo traçado por Guterres para 2021 é uma "coligação alargada" que permita que em 2050 as emissões de gases com efeito de estufa sejam reduzidas ao ponto de poderem ser contrabalançadas com a capacidade de o coberto vegetal e os oceanos da Terra as absorverem de volta.

O ano pandémico de 2020 pode ter posto em suspenso milhares de milhões de pessoas e a atividade económica, mas pouco ou nada se ganhou em tempo para cumprir o Acordo de Paris e manter o aquecimento global até fim do século abaixo de dois graus em relação à temperatura média do mundo na época pré-industrial.

As emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito de estufa terão descido este ano entre 4% e 7%, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), que salienta que essa descida não se reflete na quantidade de dióxido de carbono já concentrado na atmosfera.

No passado dia 12, o Reino Unido --- que organiza em parceria com a Itália a 26.ª COP --- promoveu com a ONU uma Cimeira da Ambição Climática em que líderes de 75 países assumiram novos compromissos para cumprir as metas do Acordo de Paris, entre os quais a China, que se comprometeu a reduzir as emissões de dióxido de carbono por unidade do produto interno bruto em 65% até 2030.

A União Europeia, que apresentou o seu Pacto Verde, assumiu o compromisso de, nas contribuições determinadas nacionalmente que terão de ser atualizadas em 2026, conseguir até 2030 uma redução de emissões de pelo menos 55% em relação aos níveis de 1990.

O Reino Unido, cuja diplomacia trabalha nos bastidores para organizar a cimeira, presidida por Alok Sharma, também ministro da Economia, enfrenta o desafio de mostrar a sua capacidade de pôr todos de acordo numa COP decisiva e também se comprometeu a reduzir até 2030 as emissões em 68% por comparação com 1990.

Portugal tem para apresentar em Paris o seu Roteiro para a Neutralidade Carbónica, que estabelece 2050 como meta, o fim da produção de eletricidade a partir do carvão com o fecho das centrais de Sines e Pego e uma contribuição de 20 milhões de euros para o fundo que se destina a apoiar os países em desenvolvimento nas suas transições para energia limpa e neutralidade carbónica.

Ao todo, na cimeira pré-COP26 que se realizou em 12 de dezembro, 45 nações afirmaram as suas contribuições determinadas nacionalmente, 24 apresentaram datas para atingir a neutralidade carbónica e 20 propuseram planos de adaptação e resiliência.

A cerca de um mês da tomada de posse do novo Presidente norte-americano, Joe Biden, o regresso dos Estados Unidos ao Acordo de Paris deverá ser determinante para consolidar aquele compromisso assumido por quase 200 em países na 20.ª COP.

Durante 2021 há muito caminho a fazer para tentar resolver as pontas soltas que foram ficando desde 2015, como a regulação do mercado de emissões.

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