A fase da pandemia pela qual os Estados Unidos estão a passar "está fora de controlo em muitos aspetos", disse Fauci, numa entrevista à televisão CNN.
"Se olharmos para a evolução, tivemos um pico [de casos de infeções] no final do inverno/início da primavera de 2020" e "uma recuperação no início do verão", mas agora "estamos num pico cuja inflexão para pior é muito acentuada", admitiu.
Segundo o epidemiologista, os Estados Unidos encontram-se numa situação "muito difícil", já que não têm nenhum ponto de referência baixo em termos de contágios, a partir do qual "se possa controlar a expansão comunitária através da identificação, isolamento e acompanhamento dos contactos".
Anthony Fauci manifestou preocupação com a possibilidade de se verificar um aumento de casos em janeiro, admitindo que a evolução pode ser pior até do que a de dezembro, mês em que o país tem registado subidas diárias e sem precedentes de casos de infeções.
"Acho que temos de presumir que vai piorar", afirmou, acrescentando que atualmente os Estados Unidos registam entre 100.000 e 200.000 infeções por dia, mas "num período de dezembro, esteve acima de 200.000".
"Espero que não alcancemos novamente [esse valor diário]", disse, lembrando que com os casos vêm os internamentos e com os internamentos vêm as mortes.
Face a este cenário, Fauci, que foi escolhido pelo Presidente eleito dos EUA Joe Biden para ser o seu principal conselheiro sobre temas de saúde, recomendou continuar a praticar "as coisas simples" que têm sido feitas.
Admitindo que "já é tarde demais" para restringir as viagens nesta altura do ano -- "porque estamos em plenas férias de Natal e Ano Novo e as pessoas já viajaram -- Fauci adiantou que se está a tentar fazer com que "as pessoas viajem menos, e que quem já o fez, não se reúna em grandes grupos de pessoas, mas apenas com a família mais próxima".
Quando um grande grupo de pessoas se junta "para jantar num ambiente fechado e com pouca ventilação é quando se mete em problemas", avisou.
Os Estados Unidos são o país do mundo mais afetado pela pandemia, com mais de 19,3 milhões de casos de covid-19 detetados e mais de 335.000 mortes, de acordo com dados da Universidade John Hopkins.
De acordo com o 'Covid Tracking Project' (Projeto de Rastreamento de Covid), os EUA registaram, na segunda-feira, um recorde de número de hospitalizações desde o início da pandemia, com 121.235 doentes a serem internados devido à doença, dos quais 22.592 em unidades de cuidados intensivos.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.775.272 mortos resultantes de mais de 81,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.