Paquistão: Condenados à morte por difundirem blasfémias nas redes sociais
Um tribunal antiterrorista do Paquistão condenou hoje à morte três pessoas por difundirem blasfémias contra o islão nas redes sociais e uma quarta a dez anos de prisão.
© Reuters
Mundo Condenação
"Os acusados, Nasir Ahmad, Abdul Waheed e Rana Nouman Rafaqat, são condenados pela secção 295-C e sentenciados à morte. Devem ser pendurados pelo pescoço até morrerem", escreveu o juiz Raja Jawad Abbas na sua sentença de 56 páginas.
Rana Nouman Rafaqat e Abdul Waheed foram condenados por difundirem nas redes sociales material "blasfemo", enquanto Nasir Ahmad foi condenado por publicar no Youtube vídeos que insultavam o islão.
O professor universitário Anwaar Ahmed, por seu lado, foi condenado a dez anos de prisão por propagar blasfémias nas suas aulas na Universidade Modelo de Islamabad, onde ensinava.
O juiz disse que as sentenças só serão executadas quando o Tribunal Superior de Islamabad confirmar as condenações.
Os quatro condenados foram detidos em 2017 após serem acusados de "instigar o ódio" e "ameaçar a ideologia do islão" no Paquistão.
O julgamento durou três anos, teve 17 testemunhas de acusação e nenhuma de defesa, já que o tribunal rejeitou as suas declarações por se tratar de familiares dos acusados, segundo o jornal local Dawn.
O país lançou em 2017 uma intensa campanha contra a difusão de conteúdo considerado blasfemo nas redes sociais e desde então ocorreram várias sentenças de morte por este delito.
No final de dezembro, o Paquistão pediu à Google e à Wikipedia que deixem imediatamente de difundir conteúdo "sacrílego" contra o islão, ameaçando com ações legais.
A lei anti blasfémia vigente no Paquistão data da época colonial britânica para evitar choques religiosos, mas na década de 1980 reformas adotadas pelo ditador Zia ul Haq permitiram o abuso desta norma.
A blasfémia é um dos 28 crimes que prevê a pena de morte no país, mas nunca foi executado qualquer condenado à pena capital por esse motivo.
A cristã Asia Bibi, condenada em 2010 à morte por blasfémia, foi absolvida em janeiro de 2019 e exilou-se no Canadá em maio do mesmo ano.
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