Confrontos no Darfur com registo de 50 mortes nas últimas 24 horas
Os confrontos entre tribos rivais no Darfur resultaram na morte de 50 pessoas nas últimas 24 horas, segundo dados hoje divulgados pela AFP.
© REUTERS/Mohamed Nureldin Abdallah
Mundo Darfur
Esta violência é já a mais letal desde o fim da missão de paz conjunta da ONU e da União Africana no Darfur, em 31 de dezembro.
De acordo com um novo relatório divulgado hoje pela agência oficial sudanesa, que cita o sindicato dos médicos local, a violência desde sábado em El-Geneina, capital de Darfur Ocidental, deixou 48 mortos e 97 feridos.
A fonte acrescenta que os confrontos, que eclodiram entre árabes e não árabes, continuam, com várias casas incendiadas, segundo testemunhas locais.
O primeiro-ministro Abdallah Hamdok enviou já uma delegação ao Darfur Ocidental para tentar restaurar a ordem.
No sábado, as autoridades do Darfur Ocidental impuseram o recolher obrigatório no estado, na fronteira do Sudão com o Chade, após conflitos que provocaram mortos e feridos.
O Darfur Ocidental foi palco de confrontos mortais há mais de um ano entre árabes e não árabes que mataram pelo menos 54 pessoas e deslocaram cerca de 40.000 pessoas, com milhares de passagem para o vizinho Chade.
A UNAMID (missão da ONU), cujo mandato terminou em 31 de dezembro passado, foi destacada para o Darfur em 2007 no meio de uma guerra civil que causou, entre 2003 e 2008, mais de 300.000 mortos, segundo as Nações Unidas, depois de grupos armados se revoltarem contra o governo em protesto pela pobreza e marginalização da região.
A decisão de pôr fim à UNAMID foi adotada pelo Conselho de Segurança da ONU no passado dia 23 de dezembro a pedido do governo sudanês, depois de ter sido assinado em outubro um acordo de paz com os principais movimentos rebeldes do país, incluindo a maioria dos do Darfur.
Os confrontos agora registados representam um desafio significativo aos esforços do governo de transição do Sudão para acabar com rebeliões de décadas em algumas áreas.
O país está num caminho frágil para a democracia depois de um levantamento popular que levou os militares a derrubar o Omar al-Bashir em abril de 2019, estando agora no poder um governo militar-civil.
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