Navalny: Berlim pede libertação imediata do opositor russo
O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, pediu hoje à Rússia para "libertar imediatamente" o opositor russo Alexei Navalny, detido na véspera aquando da sua chegada a Moscovo.
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Mundo Envenenamento
Navalny, que recuperou de um envenenamento em agosto, "tomou a decisão consciente de regressar à Rússia, que considera a sua pátria pessoal e política", e o facto de ter sido detido pelas autoridades russas à chegada "é completamente incompreensível", frisou o responsável alemão.
Reconhecendo que a Rússia está vinculada pela sua própria constituição e obrigações internacionais ao Estado de direito e à proteção dos direitos civis, o ministro alemão acrescentou: "evidentemente, estes princípios também devem ser aplicados" a Alexei Navalny, que "deve ser libertado imediatamente".
Após "grave ataque de envenenamento" cometido em solo russo contra Navalny, um carismático ativista anti-corrupção, a Alemanha apelou à Rússia para "investigar minuciosamente este ataque e levar os perpetradores à Justiça".
Também o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, considerou, no domingo, "inaceitável" a detenção de Alexei Navalny e apelou às autoridades russas para que o libertem "imediatamente".
"A detenção de Alexei #Navalny à chegada a Moscovo é inaceitável. Apelo às autoridades russas para que o libertem imediatamente", escreveu Charles Michel, na rede social Twitter.
Os Estados Unidos já condenaram "veementemente" a detenção do opositor russo.
Os serviços prisionais russos (FSIN) detiveram no domingo o opositor russo Alexei Navalny à chegada a Moscovo, acusando-o de ter violado os termos de uma pena de prisão suspensa a que foi condenado em 2014.
Num comunicado, o FSIN informou que Alexei Navalny, que regressou à Rússia após vários meses em convalescença na Alemanha, "permanecerá detido até à decisão do tribunal" sobre o seu caso, sem especificar uma data.
Principal figura da oposição ao Kremlin (Presidência russa), Navalny foi interpelado pela polícia à chegada ao aeroporto Cheremetievo de Moscovo, quando ia passar pelo controlo de passaportes, segundo testemunharam jornalistas da agência France-Presse (AFP) no local.
Os serviços prisionais russos precisaram que Navalny, de 44 anos, "figura numa lista de pessoas procuradas desde 29 de dezembro de 2020 por múltiplas violações do seu período probatório".
"Alexei foi detido sem que o motivo fosse explicado (...). Não me deixaram regressar para junto dele" após ter passado pelos serviços fronteiriços, afirmou, em declarações à AFP, a advogada do opositor, Olga Mikhailova.
Vários aliados e apoiantes de Navalny, incluindo o irmão do opositor, Oleg, foram também detidos em Moscovo e em São Petersburgo.
Ao partir, no domingo à tarde de Berlim, o opositor russo reafirmou a sua inocência.
"Vou ser preso? É impossível, estou inocente", disse Alexei Navalny, aos jornalistas a bordo do avião com destino à capital russa.
Inicialmente, o avião que transportava Navalny ia aterrar no aeroporto Vnoukovo de Moscovo, onde era aguardado por dezenas de apoiantes, que estavam a ser vigiados por unidades policiais antimotim.
Mas os planos foram alterados e o aparelho acabou por aterrar no aeroporto Cheremetievo, igualmente na capital russa.
O líder da oposição regressou à Rússia depois de quase cinco meses de tratamento médico na Alemanha, após ter sido envenenado com uma substância tóxica de uso militar, ato que, segundo o ativista, foi ordenado pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
A ordem de detenção concretizada foi avançada pelo Serviço Federal de Prisões da Rússia, que solicitou à justiça russa a ida de Alexei Navalny para a prisão para cumprir uma pena suspensa de 3,5 anos a que foi condenado em 2014, um juízo considerado "arbitrário" em 2017 pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Em 20 de agosto de 2020, Navalny sentiu-se mal e desmaiou durante um voo doméstico na Rússia, e foi transportado dois dias depois em coma para a Alemanha para ser tratado.
Laboratórios na Alemanha, França e Suécia, assim como a Organização para a Proibição de Armas Químicas demonstraram que esteve exposto a um agente neurotóxico, do tipo Novichok, da era soviética.
As autoridades russas têm rejeitado todas as acusações de envolvimento no envenenamento.
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