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Holanda. Oposição exige que Rutte assuma responsabilidades após escândalo

Os partidos da oposição atacaram hoje o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, exigindo-lhe que assuma a responsabilidade depois do seu governo ter renunciado na passada sexta-feira, na sequência de um escândalo relacionado com abonos de família.

Holanda. Oposição exige que Rutte assuma responsabilidades após escândalo
Notícias ao Minuto

23:04 - 19/01/21 por Lusa

Mundo Holanda

"A desconfiança instalou-se lentamente em todos os sistemas", disse Lilianne Ploumen, recém-eleita líder do Partido Trabalhista (PvdA), durante um debate parlamentar, cujo partido garantiu que "as impressões digitais de Rutte aparecem em todas as páginas" do processo.

O antigo líder do PvdA Lodewijk Asscher deixou o cargo na quinta-feira devido ao caso, que se desenrolou durante o seu mandato como ministro dos Assuntos Sociais.

"[Mark Rutte] Não pode simplesmente fugir do problema de bicicleta com um sorriso e uma maçã na mão", insistiu Ploumen, referindo-se à chegada do primeiro-ministro de bicicleta ao parlamento antes de o governo renunciar na sexta-feira.

Já o líder do partido Esquerda Verde, Jesse Klaver, disse seria "útil que [Rutte] assumisse a responsabilidade".

O parlamentar anti-islâmico Geert Wilders e o populista Thierry Baudet apelaram a Mark Rutte para renunciar ao cargo de líder do Partido Conservador (VVD).

Durante a sessão, o primeiro-ministro respondeu que assumiu "total responsabilidade" pelos seus atos.

"Não estou a abrir mão das minhas responsabilidades. É uma coisa terrível o que aconteceu e lições devem ser tiradas para que não aconteça novamente", disse Rutte, acrescentando que o seu gabinete "deu um passo final com a renúncia".

Muitos especialistas, no entanto, qualificaram a renúncia do governo como um gesto simbólico, já que continuará no ativo até as próximas eleições legislativas, marcadas para 17 de março.

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, confirmou na sexta-feira a sua demissão e a de todos os ministros do executivo, na sequência de um escândalo relacionado com abonos de família e a acusação indevida de milhares de pessoas de fraude.

"O Estado de Direito deve proteger os seus cidadãos de um Governo todo-poderoso. Isso falhou de forma horrível", declarou Rutte durante uma conferência de imprensa, na qual confirmou ter apresentado a sua demissão ao rei dos Países Baixos, Guilherme Alexandre.

Esta decisão surge após a divulgação de um caso que envolve os serviços tributários holandeses e a acusação indevida de milhares de famílias de fraude em relação a atribuição de abonos para crianças e jovens.

O caso veio a público através de um relatório de uma comissão de inquérito parlamentar divulgado em dezembro.

De acordo com o documento, entre 2013 e 2019, pelo menos, os serviços fiscais holandeses terão acusado erradamente milhares de pais de fraude em relação a atribuição de apoios, tendo cancelado os respetivos abonos e exigido às famílias, muitas delas com graves problemas financeiros, a devolução (com retroativos de vários anos) dos subsídios.

Em alguns casos, o montante a devolver pelas famílias rondava as dezenas de milhares de euros, o que agravou as respetivas situações financeiras.

Muitas destas famílias foram igualmente submetidas a perfis étnicos, em função da sua dupla nacionalidade.

Antes deste escândalo, Mark Rutte, primeiro-ministro desde 2010 e um dos líderes políticos que está há mais tempo no poder no espaço europeu, tinha manifestando a sua intenção de se candidatar a um quarto mandato.

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