Covid-19: Boris visita Escócia em viagem considerada desnecessária
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, encontra-se hoje na Escócia para ver pessoalmente o funcionamento de alguns serviços envolvidos no combate à pandemia de covid-19, numa visita que motivou críticas por ser considerada desnecessária.
© Reuters
Mundo Boris Johnson
O chefe do Governo britânico começou por visitar um Laboratório de processamento de testes no campus do Queen Elizabeth University Hospital, em Glasgow, e encontrou-se com militares num centro de vacinação em Castlemilk, acabando a deslocação numa fábrica de vacinas em Livingston.
A chefe do governo escocesa, Nicola Sturgeon, líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP), admitiu na quarta-feira que não estava "eufórica" com esta viagem e questionou mesmo se seria "essencial" tendo em conta que não é aconselhável viajar dentro do Reino Unido em plena pandemia.
"Como líderes, devemos dar o exemplo", ressaltou.
O primeiro-ministro britânico explicou, num comunicado antecipando a viagem, que queria colocar em evidência "as vantagens da cooperação em todo o Reino Unido" desde o início desta pandemia, dando como exemplo o financiamento adicional de 8,6 mil milhões de libras (9,7 mil milhões de euros) para o Governo escocês manter serviços públicos e pagar o 'layoff' de 930.000 trabalhadores na Escócia.
Edimburgo também beneficia da campanha de vacinação com a vacina anti-covid-19 desenvolvida pelo laboratório britânico AstraZeneca com a Universidade de Oxford, administrada com a ajuda do exército britânico, que ajudou a criar 80 novos centros de vacinação e a vacinar cerca de 415 mil pessoas na Escócia.
A viagem de Boris Johnson é vista como uma operação de charme perante a crescente popularidade da independência entre escoceses, alimentada pelo descontentamento com o Brexit e a gestão da pandemia.
A visita surge a três meses das eleições regionais, nas quais os separatistas do Partido Nacionalista Escocês (SNP) são favoritos para renovar a maioria absoluta.
Nicola Sturgeon defende há vários meses um novo referendo de autodeterminação, que deseja realizar após a pandemia se houver uma maioria pró-independência no Parlamento escocês nas eleições locais de maio, mas o líder conservador opõe-se a um novo referendo sobre a independência.
Os nacionalistas invocam o Brexit, que ocorreu contra a vontade da maioria dos escoceses, como argumento para a Escócia se desligar do Reino Unido.
Enquanto os britânicos como um todo votaram 51,9% a favor do Brexit em 2016, os escoceses votaram contra a deixar a UE em 62%.
Nicola Sturgeon espera que a Escócia, uma vez independente, possa eventualmente aderir à União Europeia.
A gestão da pandemia, que ultrapassou 100.000 mortes no Reino Unido, também contribuiu para a insatisfação dos eleitores.
Devido à regionalização de poderes executivos, cada nação britânica (Inglaterra, País de Gales, Escócia, Irlanda do Norte) define a sua própria resposta à crise de saúde e os respetivos governos determinaram confinamentos e restrições em alturas diferentes.
De acordo com uma sondagem publicada pelo semanário Sunday Times no último domingo, 61% dos escoceses acreditam que Nicola Sturgeon fez um "bom trabalho" durante a crise, contra apenas 22% de avaliações positivas de Boris Johnson.
A decisão de realizar um novo referendo cabe a Boris Johnson, que se recusa veementemente, lembrando que 55% dos escoceses já votaram em 2014 para permanecer no Reino Unido.
As sondagens realizadas nos últimos meses sugerem que existe uma maioria de apoio à independência à maioria.
No domingo passado, Nicola Sturgeon acusou Johnson de "ter medo do veredicto do povo escocês".
A sondagem do Sunday Times indicava que 49% dos escoceses são favoráveis à independência e 44% são contra, uma margem de 52% a 48% se forem excluídos os indecisos.
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