De acordo com a organização de monitorização de protestos, o maior número de detenções ocorreu na cidade de Moscovo, seguida por Vladivostok (113), do outro lado do país, depois em Novosibirsk (93) e em Krasnoyarsk (91), na Sibéria.
Anteriormente, a OVD-Info tinha anunciado a detenção de mais de 260 participantes em protestos realizados em muitas cidades ao longo dos 11 fusos horários da Rússia.
Milhares de pessoas saíram hoje à rua por toda a Rússia, mantendo uma onda de protestos a nível nacional para exigir a libertação do líder da oposição, Alexei Navalny.
As autoridades realizaram um esforço massivo para conter esta maré de manifestações, depois de dezenas de milhares de pessoas terem participado, no fim de semana anterior, na maior e mais generalizada manifestação de descontentamento que o país viu nos últimos anos.
Em Moscovo foram adotadas medidas de segurança sem precedentes, com o encerramento de várias estações de metro perto do Kremlin, o corte do tráfego de autocarros e ordem para que restaurantes e lojas permaneçam encerrados.
Navalny, de 44 anos, um investigador anticorrupção que é o mais conhecido crítico do Presidente Vladimir Putin, foi detido em 17 de janeiro, quando regressava da Alemanha, onde passou cinco meses a recuperar de um envenenamento por agentes nervosos, pelo qual responsabiliza o Kremlin. As autoridades russas rejeitaram estas acusações.
Os apoiantes de Navalny pediram que o protesto de hoje fosse realizado na Praça Lubyanka, em Moscovo, sede principal do Serviço Federal de Segurança, que Navalny diz ter sido responsável pelo seu envenenamento.
Como parte de um esforço das autoridades para bloquear os protestos, os tribunais prenderam ativistas associados a Navalny em todo o país.
Os procuradores exigiram também que as redes sociais na internet bloqueassem os apelos à participação nos protestos.
Cerca de 4.000 pessoas foram detidas em manifestações em 23 de janeiro, pedindo a libertação de Navalny em mais de 100 cidades russas, e algumas foram condenadas a multas e penas de prisão.
Navalny entrou em coma em 20 de agosto, durante um voo doméstico da Sibéria para Moscovo e foi transferido para um hospital de Berlim dois dias depois.
Laboratórios na Alemanha, França e Suécia e testes da Organização para a Proibição de Armas Químicas concluíram que foi exposto ao agente nervoso Novichok.
As autoridades russas recusaram-se a abrir um inquérito criminal, alegando falta de provas de envenenamento.
Quando regressou à Rússia, em janeiro, Navalny foi preso por 30 dias depois de os serviços prisionais da Rússia alegarem que violou os termos de uma pena suspensa por ter sido condenado por lavagem de dinheiro em 2014, condenação que o opositor russo considerou ser uma vingança política.
Na quinta-feira, um tribunal de Moscovo rejeitou o recurso de Navalny para ser libertado, e outra audiência na próxima semana poderá transformar a sua pena suspensa de três anos e meio em pena de prisão efetiva.