Vacina protege, mas imunização de grupo ainda não se confirma em Israel

A campanha de vacinação israelita para o coronavírus, a mais avançada no mundo, mostra que a vacina reduz o risco de ficar doente com covid-19, mas não permite retirar conclusões sobre a imunidade de grupo, dizem especialistas.

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Lusa
03/02/2021 16:42 ‧ 03/02/2021 por Lusa

Mundo

Covid-19

Desde dezembro, Israel já vacinou cerca de 3,2 milhões de pessoas (35% da população), das quais 1,8 milhões já receberam uma segunda dose, num total de cinco milhões de doses administradas, sobretudo em pessoas idosas.

Hoje, o Ministério da Saúde anunciou que vai estender a vacinação a todas as pessoas com mais de 16 anos a partir de quinta-feira.

Israel dispõe de bancos de informação médica sobre toda a população, o que favoreceu um acordo com a farmacêutica norte-americana Pfizer: o laboratório fornece a vacina rapidamente ao país e Israel partilha com a empresa os seus dados sobre o impacto da vacinação.

À medida que a vacinação avança, um grande número de investigadores analisa uma quantidade maciça de dados para identificar os primeiros efeitos da vacina e responder à pergunta: Como se comporta no mundo real esta vacina testada em ensaios clínicos.

Num estudo recente, investigadores do Instituto Maccabi, segunda maior seguradora do país, concluíram que a primeira dose da vacina permite reduzir em 51% as infeções com covid-19 nos primeiros 13 a 24 dias após a injeção.

Resultados preliminares sugerem ainda uma eficácia de 92% uma semana após a segunda dose, conclui o mesmo instituto, que registou 66 infeções ligeiras, sem necessidade de hospitalização, em 248.000 pessoas estudadas, mas ainda não publicou um estudo científico sobre estes dados.

Apesar destes resultados, e de um confinamento em vigor desde o fim de dezembro, o número de infeções por covid-19 continua alto em Israel, com as autoridades a responsabilizarem os ultraortodoxos e a minoria árabe pela realização de grandes ajuntamentos, apesar das regras sanitárias em vigor.

Neste contexto, o Governo espera uma redução do número de casos, que se mantém em milhares por dia, e sobretudo do número de hospitalizações, à medida que a vacinação avança.

No entanto, embora a vacina reduza de forma significativa o risco de adoecer com a covid-19, persiste a interrogação sobre o seu efeito na transmissão do vírus.

"Devemos distinguir entre dois tipos de efeitos da vacina. O efeito direto, ou seja, que a pessoa vacinada fica protegida contra sintomas que podem ser graves (...) e o efeito indireto, quando uma proporção da população está imunizada e se torna uma barreira epidemiológica que reduz a infeção", explicou à France-Presse o líder da comissão israelita de especialistas sobre a covid-19, Ran Balicer, que também é diretor de inovação na Clalit, a principal fornecedora de seguros de saúde no país.

"Sabemos que a vacina reduz a incidência de doença (...), mas não sabemos se reduz também a transmissão", disse Gabi Barbash, investigador no instituto científico Weizmann, perto de Telavive, também à AFP.

"O número de pessoas que testa positivo ao novo coronavírus não baixou realmente em um mês e meio. Será porque o confinamento não é respeitado, ou será porque a vacina não reduz a transmissão? Ninguém pode saber neste momento", acrescentou.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.253.813 mortos resultantes de mais de 103,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 13.257 pessoas dos 740.944 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Leia Também: AO MINUTO: Mais recuperados do que novos casos; Porto recebe 25 doentes

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