"Estamos a dar o nosso melhor para lutar contra o vírus na UE e em todo o mundo. Está agora claro que só conseguiremos se nos mantivermos unidos. Estamos a lutar contra um inimigo comum e a vacina é a chave. Vamos continuar a trabalhar dia e noite para assegurar a disponibilidade das vacinas", disse a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides.
Falando na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Bruxelas, sobre a estratégia da UE de vacinação contra a covid-19 após várias polémicas com as farmacêuticas, a responsável vincou que o ritmo de vacinação "pode e deve aumentar" no espaço comunitário, garantindo empenho da instituição "para que isso aconteça nas próximas semanas".
Numa alusão ao objetivo anteriormente traçado, que se mantém, Stella Kyriakides disse: "Até ao fim do verão, queremos 70% da população adulta vacinada e queremos assegurar que isto acontece de forma justa e equitativa [...] e que as vacinas são distribuídas da forma mais rápida possível de modo igual, independentemente da dimensão do Estado-membro".
Segundo a responsável, até ao momento, "mais de 70 milhões de pessoas foram vacinadas" desde dezembro.
O debate realizou-se numa altura de tensão entre Bruxelas e as farmacêuticas, que não deverão entregar as doses acordadas com a Comissão Europeia para estes primeiros meses de 2021 por não terem capacidade de produção suficiente para os 27 Estados-membros, o que já levou a atrasos na distribuição.
Na quinta-feira, também devido ao "problema da disponibilidade de vacinas", Portugal anunciou que a primeira fase de vacinação, que devia terminar antes de 31 de março, vai ser prolongada para abril.
Stella Kyriakides interveio na sessão plenária depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter aberto o debate em nome da instituição, e após severas críticas dos eurodeputados à estratégia de vacinação da UE.
Face às críticas dos eurodeputados sobre falta de transparência, e como anteriormente anunciado por Ursula von der Leyen, a comissária europeia disse que a instituição vai passar a "trocar impressões de forma regular" com o Parlamento Europeu sobre os contratos assinados com as farmacêuticas, através de um grupo de contacto criado para o efeito.
"Tentámos ser o mais transparentes possível em todas as fases do processo", nomeadamente publicando alguns contratos de compra antecipada, referiu Stella Kyriakides, destacando que na quinta-feira, "será tornado público o contrato com a Janssen".
A UE tem uma carteira de oito vacinas contra a covid-19, que além das já aprovadas e em uso (Pfizer e BioNTech, Moderna e AstraZeneca), inclui as da Sanofi-GSK, Janssen Pharmaceutica NV e CureVac, para as quais já foram formalizados contratos de aquisição, e as da Novavax e Valneva, para as quais foram apenas concluídas conversações exploratórias.
Devido às polémicas, o executivo comunitário tornou já públicos três contratos de compra antecipada: o da AstraZeneca, mas também os da CureVac e Sanofi-GSK (cujas vacinas ainda não foram aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento).
Nesta intervenção, Stella Kyriakides defendeu ainda que é preciso assegurar "resposta imediata às novas variantes".
Antes, Ursula von der Leyen anunciou um novo plano para a UE aumentar a sequenciação das mutações do SARS-CoV-2, que visa tornar "mais célere" a deteção de novas estripes.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.325.744 mortos no mundo, resultantes de mais de 106,4 milhões de casos de infeção.
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