"Exortamos a Arábia Saudita a desmantelar este grupo e a adotar reformas institucionais sistémicas, bem como mecanismos de controlo, para fazer com que acabem as atividades e operações contra dissidentes, e acabem de uma vez por todas", disse hoje o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.
O príncipe Mohammed bin Salman é referido num relatório dos serviços de informação norte-americanos divulgado na semana passada como responsável pela "validação" da operação que culminou na eliminação do jornalista saudita em 2018, noconsulado do seu país em Istambul, que terá sido conduzida pela "força de intervenção rápida", unidade de elite das forças de segurança.
Apesar da conclusão, o monarca saudita não foi alvo de sanções, o que teria levado a uma rutura das relações entre os dois países.
Criticada pela ausência de sanções, nomeadamente por organizações não-governamentais, a Administração norte-americana afirmaagora pretender "recalibrar" as relações com a Arábia Saudita, para evitar casos semelhantes no futuro.
"Exortamos a Arábia Saudita a tomar medidas suplementares para cessar a interdição de viagens" aplicadas a ativistas recentemente libertados, disse ainda o porta-voz do Departamento de Estado.
Crítico do poder saudita, Jamal Khashoggi, residente nos Estados Unidos e colunista do jornal Washington Post, foi assassinado em 02 de outubro de 2018, e o seu corpo nunca foi encontrado.
Depois de negar o assassinato, Riyadh acabou por admitir que tinha sido cometido por agentes sauditas que agiam sozinhos.
Após um julgamento opaco na Arábia Saudita, cinco sauditas foram condenados à morte e outros três a penas de prisão e as sentenças de morte já foram comutadas.
A noiva de Khashoggi, Hatice Cengiz, pediu hoje uma "punição sem demora" do príncipe herdeiro saudita, "que ordenou o assassinato brutal de uma pessoa inocente", seja punido sem demora".
"Isto não só pode fazer justiça a Jamal, mas também evitar que atos semelhantes sejam cometidos no futuro".
"Congratulo-me com a publicação do relatório americano. A verdade, que já era conhecida, foi reafirmada e agora é definitiva. Mas isso não é suficiente, pois a verdade só faz sentido de servir ao cumprimento da justiça", afirmou Cengiz.
"Se o príncipe herdeiro não for punido, isso enviará um sinal para sempre de que o principal culpado pode matar impunemente", afirmou Hatice Cengiz, sublinhando: "Os governos de todo o mundo, a começar pelo governo Biden, devem questionar-se sobre se estão prontos para apertar a mão de alguém cuja culpa foi provada, sem ter sido punida".
A Turquia ainda não reagiu à publicação do relatório norte-americano.