A decisão do TPI de abrir um inquérito sobre presumíveis crimes de guerra cometidos nos territórios palestinianos, que envolvem Israel e milícias palestinianas, mereceu uma dura condenação por parte do Governo israelita e do chefe do executivo, que não poupou nas críticas.
"O parcial tribunal de Haia tomou uma decisão que é a essência do anti-semitismo e da hipocrisia. Decidiu que os soldados heróicos e de moralidade que lutam contra os terroristas mais cruéis da Terra são na verdade criminosos de guerra", afirmou Netanyahu num vídeo publicado nas redes sociais.
"O tribunal criado para evitar a repetição das atrocidades perpetradas pelos nazis contra o povo judeu agora está a virar-se contra o Estado do povo judeu. E, claro, não está a dizer uma palavra contra o Irão, a Síria e outras ditaduras que estão acometer crimes de guerra reais", acrescentou.
A procuradora-geral do TPI disse hoje ter aberto uma investigação na Palestina, depois dos juízes terem confirmado em fevereiro que o tribunal é competente para julgar presumíveis crimes de guerra realizado por todas as partes em conflito nos territórios ocupados por Israel.
Num comunicado, Fatou Bensouda indicou que "a investigação incidirá sobre os crimes da competência do tribunal que terão sido cometidos desde 13 de junho de 2014".
A investigação incluirá alegados crimes de guerra cometidos tanto pelo exército de Israel como pelo movimento islamita palestiniano Hamas, que governa a Faixa de Gaza, por ataques contra a população civil.
A procuradora assinalou que a investigação será conduzida "de forma independente, imparcial e objetiva, sem medo ou favorecimento".
Para o primeiro-ministro israelita, a decisão é "um ataque ao Estado de Israel" e o seu Governo irá "proteger cada soldado, cada comandante e cidadão".
Também o presidente israelita, Reuvén Rivlin, qualificou a abertura das investigações como "escandalosa" e garantiu que as autoridades permanecerão "vigilantes" para garantir que seus militares "não sejam prejudicados" pelas providências do TPI.
A decisão do TPI foi saudade pela Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), cujo Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou em comunicado tratar-se de "um passo há muito esperado que dá resposta à busca incansável por justiça e prestação de contas" que "o povo palestiniano procura e merece".
"Os crimes cometidos pelos dirigentes da ocupação israelita contra o povo palestiniano, que são crimes contínuos, sistemáticos e generalizados tornam a investigação necessária e urgente", considerou a diplomacia palestiniana.
Apelou também "aos Estados partes para respeitarem as suas responsabilidades e não politizarem o desenvolvimento desta investigação independente", comprometendo-se, por sua vez, a dar "toda a assistência" necessária ao tribunal para que possa realizar o inquérito.
Contrariamente aos palestinianos, Israel não é membro do TPI, sediado em Haia, e sempre se opôs firmemente a qualquer investigação.
A gambiana Bensouda deve deixar o cargo em junho e será substituída pelo britânico Karim Khan.
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